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Seguro queima Paulo Campos, e Paulo Campos queima Sócrates

Um espectro assombra o país: a filinha pirilau do PS. Sim, está em curso a formação da filinha pirilau do passa-culpas entre os destroços do socratismo. Ninguém quer ficar com a batata quente das PPP nas mãos. E este comboiozinho até começou numa atitude digna do Dr. Seguro, que deixou cair Paulo Campos. Em relação ao escândalo das PPP, Seguro disse que “devem ser apuradas todas as responsabilidades”. Tradução? O novo PS nada tem que ver com esse indivíduo chamado Paulo Campos, que, por acaso, está sentado na bancada parlamentar do PS. Desta forma silenciosa, o PS mostrou finalmente alguma dignidade (confesso que esperei sentado). O Dr. Campos ficou sentido, coitadinho, com esta atitude e anda por aí a dizer que não sente apoio do partido. Por favor, alguém dê um lencinho de papel a este génio do alcatrão.

Sentindo-se abandonado, o Dr. Campos foi muito expedito na forma como passou as culpas. Em entrevista ao Sol, o homem de Sócrates para o alcatrão disse que, no fundo, não tinha nada que ver com as PPP, assim ao estilo “inspirei mas não inalei”. E porque é que não inalou? Porque foi um pobre secretário de estado e, ora essa, a tutela das PPP estava com dois ministros, António Mendonça e Teixeira dos Santos. Mas, atenção, o espernear de Campos não ficou por aqui. Como salientou Ana Sá Lopes, directora do i, o “evidente chuto para cima das responsabilidades” também implicou Sócrates, pois Campos afirmou que “as decisões sobre as renegociações foram aprovadas em Conselho de Ministros”. Tradução? Eu-sei-que-vocês-sabem-que-eu-sei-que-a-culpa-vai-morrer-solteira-mas-se-por-acaso-não-morrer-solteira-eu-garanto-vos-que-não-serei-o-único-a-sofrer-as-consequências. É tão bonito este estertor do socratismo. Lindo de morrer. E sobretudo muito cheiroso.

Por: Henrique Raposo

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