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Segurança Social distribui toneladas de alimentos

Começou na segunda-feira a distribuição de alimentos às instituições sociais do distrito no âmbito do Programa Comunitário de Ajuda Alimentar a Carenciados

Pouco passava das nove da manhã e já ia longa a fila de Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) em Trancoso. É na cidade de Bandarra que o Centro Distrital da Segurança Social instalou o pólo de recepção de alimentos do Programa Comunitário de Ajuda Alimentar a Carenciados (PCAAC). Concelho a concelho, as instituições são convocadas ao armazém para receberem os géneros alimentares a que têm direito este ano. Na segunda-feira, durante todo o dia, foi a vez de Seia.

A maioria das IPSS saiu de “casa” antes das oito da manhã para percorrer, atempadamente, os mais de 80 quilómetros que separam o concelho de Trancoso. Mas o esforço acaba por ser compensado. Só no ano passado, o PCAAC ajudou 11.361 pessoas. Este ano são 11.198 em todo o distrito. Candidataram-se ao programa, que existe desde 1987, 241 instituições, enquanto outras 46 concorreram para se encarregar da distribuição de géneros a famílias carenciadas. Através destas entidades, os bens alimentares vão chegar a 8.242 utentes de instituições e 1.200 agregados familiares (11.198 pessoas), sendo que a Segurança Social prevê gastar mais de 431 mil euros no distrito com esta acção. O programa inclui 17 tipos de alimentos. No armazém – que o Centro Distrital arrenda duas vezes por ano – amontoa-se uma quantidade impressionante de produtos. Há leite em pó, manteiga, três tipos de queijo, vários tipos de massas e bolachas, farinha, arroz, açúcar e cereais de pequeno-almoço.

A recepção de alimentos começou no dia 15, embora este ano tenha havido um atraso na entrega. É que, nos anteriores, os alimentos foram distribuídos pelas instituições duas vezes por ano. A primeira fase, quando é entregue 60 por cento dos produtos, decorre habitualmente entre Abril e Junho e a segunda acontece entre Setembro e Outubro. Desta vez, excepcionalmente, haverá apenas uma fase com duas entregas – a próxima deverá acontecer em Dezembro. Depois dos alimentos chegarem a Trancoso, a Segurança Social convoca as IPSS da região, que se candidatam, para irem buscar os que lhes são destinados, conforme o número de candidaturas apresentadas em termos de utentes e de famílias carenciadas. Isto até 14 de Outubro, dia em que o armazém deverá estar completamente vazio.

“A cavalo dado não se olha o dente”

É o primeiro ano que a Associação Humanitária de Sandomil recorre ao PCAAC. A IPSS trabalha, sobretudo, com terceira idade. No concelho de Seia, acolhe 58 idosos e presta apoio domiciliário a outros 54. Na “lista de compras” elaborada pela Segurança Social coube-lhe 64 quilos de açúcar, 100 de arroz e 80 embalagens de manteiga, entre outros produtos. Aos olhos de um simples consumidor, podem parecer quantidades avultadas. Mas, no quotidiano de um lar de idosos, estes alimentos só devem chegar «para duas semanas». Ainda assim, Mauro Galvão, assistente social da instituição, garante que «rejeitar seria mau e não ter apoio muito pior». Por isso, aguarda a sua vez na fila, enquanto garante haver cada vez mais associações a recorrer a estes apoios, justificando assim o decréscimo nas quantidades distribuídas. «Antes até davam carnes», lembra.

Na verdade, e porque «tudo o que vem é importante, mesmo as pequenas coisas», não há instituição que negue o apoio prestado pelo Centro Distrital da Segurança Social. Há pelo menos sete anos que José Vaz de Castro, presidente do centro de dia e lar de Paranhos da Beira, ruma até Trancoso, duas vezes por ano, para levar alimentos. «Casas como a nossa estão sempre de mão estendida», sublinha, ao mesmo tempo que carrega um sem número de caixotes na carrinha da IPSS. «A população está cada vez mais envelhecida e tem de existir um investimento cada vez maior por parte do Estado», defende. Também a Associação de Beneficência e Solidariedade Social de Torroselo usufrui da ajuda alimentar desde que o programa foi criado. Luís Coragem não nega que as dificuldades são cada vez maiores. Já este ano, a instituição acabou com a valência de ATL por falta de verbas. «Só no ano passado foram seis mil euros de prejuízo», contabiliza.

Por dia, a associação serve cerca de 150 refeições. «Este apoio só vai chegar para 15 dias», lamenta, revelando que, no resto do ano, as compras são feitas num armazém grossista em Viseu. O Centro de Assistência Social de Nossa Senhora de La Salette, de Paranhos da Beira, foi outra IPSS a comparecer “à chamada”. Dispõe das valências de creche, jardim-de-infância e ATL, num de 55 crianças. Além disso, a instituição ajuda várias famílias carenciadas. Este ano, candidataram-se 33 e, dessas, 23 foram contempladas com a ajuda da Segurança Social. «De ano para ano, assistimos a um aumento do número de famílias pobres, mas os apoios diminuem», lamenta a irmã Maria do Céu Valério. «Há muitas famílias sem recursos, sem trabalho, sem idade para conseguir um emprego, que vivem no limiar da miséria e não se adaptam à sociedade», afirma. Por estas e por outras, todos os apoios são sempre bem-vindos. «É melhor do que nada e as pessoas ficam muito contentes», garante.

Número de instituições apoiadas por concelho

Aguiar da Beira – 9

Almeida – 20

Celorico da Beira – 23

Figueira de Castelo Rodrigo – 9

Fornos

de Algodres – 10

Gouveia – 19

Guarda – 42

Manteigas – 6

Mêda – 11

Pinhel – 19

Sabugal – 27

Seia – 21

Trancoso -11

Vila Nova de

Foz Côa – 14

Rosa Ramos

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