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Sede dos “Leões da Floresta” espera legalização há 8 anos

Além de ilegais, instalações da coletividade da Covilhã têm sofrido infiltrações provocadas por uma obra da responsabilidade da Câmara, o que tem limitado algumas atividades

Inaugurada há oito anos, a sede do CCD “Leões da Floresta”, na Covilhã, continua por legalizar. Tudo se deve a uma «construção errada», começa por explicar o atual presidente da instituição. O edifício tem três pisos subterrâneos, mas, além destes, o projeto inicial previa um piso térreo, onde ficaria a zona de bar. Incluído estava também um elevador, uma escadaria de emergência e acesso a deficientes que foram excluídos do projeto final após um acordo, do qual «os Leões da Floresta ficaram de fora», entre a Câmara e a SOMAGUE, empresa responsável pelas obras.

«Faltam os pareceres favoráveis da Autoridade Nacional de Proteção Civil, do Delegado de Saúde e dos bombeiros e sem estes não conseguimos a legalização», lamenta António Jerónimo. À frente da direção da coletividade desde 2013, o dirigente diz que esta situação já não era uma novidade para si, pois acompanhou as direções anteriores, mas tinha esperança que «com o novo executivo camarário a situação mudasse». Por várias vezes o problema foi exposto quer ao executivo de Vitor Pereira, quer ao do seu antecessor, Carlos Pinto, «mas apenas nos chegam promessas». Até ao momento as passagens da ASAE pela coletividade ainda não originaram nenhuma multa, pois «incidem mais nas licenças de funcionamento, mas já nos disseram perentoriamente que se quiserem fechar a sede podem fazê-lo porque se não temos alvará, ou licença de utilização, pressupõem que está ilegal», adianta o presidente.

Nessa eventualidade as responsabilidades recairiam sobre a autarquia. A nova sede veio substituir a antiga, «já velhinha, mas pelo menos era nossa», lembra o dirigente. Aquando do protocolo de cedência para a demolição das antigas instalações foi prometido que a sede seria cedida em regime de comodato por 50 anos e um dia e depois passaria a definitivo para os “Leões da Floresta”, «mas até à data essa promessa também continua por cumprir», lamenta António Jerónimo. A este problema junta-se outro causado pelas infiltrações no edifício alegadamente provocadas por uma obra da responsabilidade da Câmara. No espaço contiguo à sede foi construído o elevador público e a escadaria de Sto. André, o que terá provocado remoção de terras e, segundo o que os técnicos já terão explicado a António Jerónimo, «poderão ter colocado algumas condutas na frente do prédio sem que fosse feita a devida impermeabilização».

Apoios suspensos até haver obras

Esta é uma das explicações, mas certo é que «passado ano e meio da sua construção começaram a aparecer infiltrações», garante o responsável. Já depois de tomar posse, António Jerónimo reuniu com a autarquia e todos os intervenientes nas obras «como forma de os sensibilizar», mas neste caso a culpa parece morrer solteira e nada tem sido feito. Ao município chegaram também vários emails com ofícios e fotografias da degradação do edifício, acompanhados de pedidos de resolução do problema. Mas até agora nada aconteceu. No último ano, a coletividade concorreu ao Orçamento Participativo do município, onde garantiu uma verba de 30 mil euros para ajudar nas despesas da requalificação da sede. No entanto, esse apoio foi suspenso porque «as obras vão incidir onde há infiltrações e não podemos gastar dinheiro para que no próximo inverno tudo venha “por água abaixo”», afirma o dirigente, para quem «não é obrigação» da associação fazer estes trabalhos «uma vez que o edifício pertence à Câmara».

Na sua opinião, a requalificação não pode seguir em frente enquanto «a autarquia não fizer as obras que lhe compete». Até lá, a chuva tem feito estragos nas paredes e no piso, «e isso é o que vemos por fora, não sabemos como está o interior e quanto tempo vai durar», teme António Jerónimo. Esta situação já pôs em causa algumas atividades da associação: «No inverno, o salão multiusos, no último piso, fica inundado», conta António Jerónimo, que fala também na ausência de saídas de emergência. O presidente da direção admite que tinha «alguma esperança» neste executivo para resolver a situação, «mas passados dois anos e meio e nada feito, sinto-me desiludido». Por isso, os “Leões da Floresta” sentem-se «votados ao abandono», com o seu responsável máximo a ponderar a sua continuidade à frente da coletividade. «Os restantes elementos da direção, maioritariamente jovens, estão em situação de agonia por não verem este projeto a seguir para a frente», acrescenta. O INTERIOR tentou contactar o presidente da Câmara da Covilhã sobre este assunto, mas Vítor Pereira não esteve disponível para falar.

Ana Eugénia Inácio Ausência de alvará pode levar a ASAE a fechar a sede

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