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Se isto é um nome

Extremo Acidental

Depois de ter escrito um comentário paritário sobre todos os candidatos a presidente de câmara de todos os concelhos da Beira Interior, para que este jornal não fosse acusado de favorecimento ilegal pela Comissão Nacional de Eleições, voz amiga me recordou que a espaço dedicado a cada um dos candidatos não era exactamente igual, uma vez que a sequência de aparecimento no texto não era aleatória e a ordem alfabética favorece um Abílio em detrimento de uma Zilda, mas também que o número de caracteres ocupado por cada nome era desigual, logo os candidatos pedantes que usam dois apelidos teriam vantagem sobre aqueles que usam simplesmente um nome de família. A este aviso respondi “mas que CNE!”

A todos os leitores que já abriram os seus computadores para enviar correios electrónicos de ódio (português para “hate mail”) com o texto “oh meu palerma, pedante és tu, que assinas esta porcaria com um tríptico”, devo esclarecer que eu não assino com dois apelidos, mas com um apelido e dois nomes próprios. Que a família paterna tenha decidido a seu tempo escolher para patronímico o nome do homem que verteu a Bíblia para latim não me cabe responsabilidade.

Como Jerónimo é um nome próprio com uso por cá, várias vezes fui confrontado com a questão “Nuno Jerónimo quê?”, como se me estivesse a apresentar sem apelidos, apenas com dois nomes próprios, como faz o antigo primeiro-ministro e actual comentador da RTP. Uma vez que julgo que não usar apelidos é uma prerrogativa que só devia ser permitida a papas, reis e futebolistas, passei a acrescentar à minha apresentação o único apelido de que me dotaram. Como não penso ser alguma vez candidato a qualquer autarquia, para uma verdadeira paridade entre os homens não é no nome que o comprimento mais me preocupa.

Por: Nuno Amaral Jerónimo

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