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Se consideram o IPG importante, deixem de dizer mal, ajudem-no a ser melhor*

Caro Dr António Ferreira,

Como habitualmente faço, com maior ou menor atenção, li o seu último artigo de opinião n’ “O Interior”, de 19 de Abril, e por se referir explicitamente a assuntos e pessoas relacionados com a escola que dirijo (ESTG), não posso deixar de tecer alguns comentários:

1. Desde logo, a contradição (que infelizmente é generalizada) entre o que se pensa e o que efectivamente se diz ou faz, ou seja, Vª Exª reconhece a importância do IPG para a região, mas em nada contribui para o dignificar. Não é um mal apenas seu, é quase generalizado: gostamos é de dizer mal. O que é notícia são os problemas ou os conflitos, por mais mesquinhos e irrelevantes que eles sejam;

2. Será que acredita que não existem em todas as empresas, públicas ou privadas, ou instituições, problemas laborais, organizacionais, de funcionamento? Porque será que uma mera votação de uma nomeação definitiva (quantas pessoas sabem o que isso é?) é notícia de jornal? Não haverá assuntos e actividades mais importantes para comentar? Por acaso conhece as estatísticas reais sobre a evolução do número de alunos do IPG e das suas diferentes escolas? Se não conhece, permita-me que lhe sugira a consulta das estatísticas oficiais disponíveis na Internet num dos organismos do Ministério da Ciência e Ensino Superior (www.oces.mctes.pt);

3. Elogia, e muito bem o trabalho do Prof. Luís Figueiredo, mas fica-lhe mal passar a ideia de que ele é o único professor inteligente do IPG e que os restantes são uns analfabetos incompetentes;

4. Sobre a qualidade, falta saber qual é o seu conceito de qualidade: se se refere à imagem institucional, estaremos de acordo, mas se no seu critério quiser incluir a qualidade pedagógica, a qualidade dos recursos materiais, a qualidade dos equipamentos ou mesmo a qualidade organizativa, o grau de empregabilidade dos nossos diplomados, então digo-lhe que não sendo uma referência de topo, estamos à frente de muitas instituições de ensino superior, sejam elas públicas, privadas, universidades ou politécnicos. Prová-lo? Deixo-lhe antes um desafio: visite-nos, participe nos nossos eventos, leia (quando tiver alguma insónia) os nossos planos e relatórios de actividades, consulte os relatórios sobre os inquéritos aos alunos. Pergunte-lhes o que acham da qualidade de ensino. Pergunte aos empregadores, de preferência fora da região, o que acham do desempenho dos nossos diplomados, pergunte aos industriais e empresários dentro e fora da região porque nos procuram para celebrar protocolos ou desenvolvermos estudos, testes laboratoriais, ensaios, etc.

5. Ainda sobre a quantidade e/ou qualidade dos nossos projectos, permita-me que lhe envie uma cópia do Relatório de Actividades da ESTG do ano 2006. Os restantes, poderá consultá-los no site da escola (http://www.estg.ipg.pt/direccao.asp). Assim poderá ter uma ideia mais objectiva e concreta sobre o que se vem fazendo. Claro que todos gostaríamos de fazer mais e melhor… também Portugal. Mas esforçamo-nos por isso…

Resumindo, se consideram o IPG importante, deixem de dizer mal, ajudem-no a ser melhor. Façam críticas construtivas, apresentem sugestões, ideias, projectos; incentivem, animem…

Um médico quando recebe um doente procura curá-lo e não matá-lo… Um advogado, quando recebe um cliente, mesmo que culpado, tudo faz para o ilibar ou atenuar a sua pena…

* título da responsabilidade da redacção

Constantino Rei, director da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do IPG, Guarda

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