Arquivo

Saúde continua pior no interior do que no litoral

Sabugal faz parte da lista dos municípios que estão com piores estados de saúde, Pinhel e Penamacor estão entre os melhores

Segundo um estudo que auscultou o estado de saúde dos portugueses, os sintomas demonstram melhorias significativas numa década. No entanto, a saúde continua bastante pior no interior rural do que no litoral urbano, um padrão de desigualdade que se manteve quase inalterado durante 1991 e 2001, mas que nalguns concelhos se agravou. A desigualdade na oferta e o uso dos serviços são dois dos factores que justificam as diferenças geográficas. O estudo vai ser publicado em Abril, no livro “Geografias da Saúde e do Desenvolvimento – Evolução e Tendências em Portugal”.

«Os concelhos que se encontravam com piores estados de saúde em 1991continuam, em geral, a apresentar os piores estados de saúde em 2001», e o mesmo acontece com os melhores, conclui a investigação coordenada por Paula Santana, professora catedrática do Instituto de Estudos Geográficos, da Universidade de Coimbra. Em 2001, os piores valores dos estados de saúde continuavam a observar-se nos concelhos rurais do interior, onde 141 dos 271 municípios estavam abaixo do valor médio encontrado para Portugal. Da lista dos que estão em piores condições em termos de saúde continua a fazer parte o Sabugal. E no resto do país, também consta Boticas, Vila de Rei, Oleiros, Marco de Canaveses, Silves, Mourão e Gavião. As melhorias com maior expressão aconteceram nalguns concelhos do Norte e Centro do país. Foi o caso de Pinhel, no distrito da Guarda. Mas também Penamacor, Mirando do Douro, Mirandela, Chaves, Valpaços e Sertã. Os municípios com os melhores indicadores localizam-se próximo do litoral, entre Setúbal e Viana do Castelo.

O estudo, revelado pelo jornal “Público”, conclui ainda que a saúde é pior nas áreas onde se encontram as pessoas mais pobres e se acumulam as piores condições de trabalho, de habitação e alimentação, que coincidem com zonas onde «o contacto com serviços de saúde de qualidade é difícil e a continuidade de cuidados nem sempre é garantida». Apesar das variações positivas ao longo da década analisada, decorrentes da melhoria em indicadores sociais, de saúde e de utilização dos serviços de saúde, o padrão de desigualdade litoral/interior não se alterou, revela a investigação, publicada parcialmente na Revista de Estudos Demográficos do Instituto Nacional de Estatística. Para a avaliação do estado de saúde foram tidos em conta seis tipos de indicadores com um total de 51 variáveis: de saúde (mortalidade infantil, incidência de doenças de notificação obrigatória); demográficos (caso da mortalidade, fecundidade); oferta de cuidados de saúde (números de médicos, enfermeiros e camas de hospitais); utilização dos cuidados (consultas nos centros de saúde, hospitais; gastos com medicamentos e meios de diagnóstico); sociais (escolaridade da população, casas com telefone, água e luz); e económicos (taxa de desemprego e índice de poder de compra).

Patrícia Correia

Sobre o autor

Leave a Reply