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Saúde: Cinco estrelas

Editorial

A Entidade Reguladora da Saúde (ERS) fez um exame a 146 unidades públicas, privadas e sociais (misericórdias e IPSS). Segundo este estudo, apenas 29% (42 unidades) revelaram um estado clínico sem falhas sendo distinguidas com cinco estrelas em todos os parâmetros considerados: excelência clínica; segurança do doente; adequação das instalações; focalização no utente; e satisfação da população.

Entre os 42 hospitais que recolheram nota máxima encontramos o São Teotónio, de Viseu, o Pêro da Covilhã, na Covilhã, e o Amato Lusitano, de Castelo Branco. Ou seja, três das unidades de saúde da região entre as melhores do país. Motivo suficientes para nos regozijarmos, oxalá noutros sectores a região estivesse a um nível de excelência e apresentasse resultados como na Saúde.

E o Hospital Sousa Martins? A quarta unidade de Saúde é mesmo a quarta… e não aparece na lista que o “Expresso” divulgou porque, segundo o estudo da ERS, não consegue fazer o pleno nos parâmetros em análise. E devia fazer. Aliás, de acordo com os responsáveis do estudo, os critérios nem sequer são muito apertados ou rígidos. E, analisando os itens, o Hospital da Guarda tem cinco estrelas na excelência clínica, e na segurança do doente, e na satisfação da população, e até na adequação das instalações (que pensaria muita gente ser a razão do “chumbo”). Onde o Hospital Sousa Martins chumba é na «focalização no utente» – o que não espanta quem o “frequenta”. Aliás, por outras razões, há doze anos, quando fiz parte do movimento cívico em defesa do Novo Hospital da Guarda, escrevi que o problema do Sousa Martins não estava apenas no facto de ser uma velha carcaça, porque não são as paredes que fazem um bom serviço. O que faz um bom hospital é um conjunto de «parâmetros» que constituem o todo, e nesse todo o utente tem de ser o foco, o âmago da própria vida hospitalar e o objeto da própria ação médica. No Sousa Martins há médicos e enfermeiros excelentes, no meio de alguns que são mais profissionais; há técnicos e dirigentes dedicados, reputados, preocupados que convivem com profissionais que só estão preocupados com o que ganham no final do mês; há profissionais qualificados e excelentes que dedicam a vida aos pacientes, como se tivessem em missão, mas que têm de trabalhar com gente inapta. O Hospital da Guarda… não é uma unidade cinco estrelas porque tem muitos profissionais que parece que não sabem que um hospital é para servir os doentes.

Outro motivo de análise: o estudo confere a Maternidade do Amato Lusitano como uma das três melhores do país. Perante isto, é difícil perceber que o governo venha a encerrar a maternidade de Castelo Branco para manter aberta as da Covilhã e da Guarda. Não basta querer manter um serviço e gritar aos quatro ventos que é muito bom, porque com a saúde não se brinca…

E ainda outro: não sendo as paredes que fazem um bom serviço, não há dúvidas que para termos um bom hospital tem de haver uma boa infraestrutura, moderna e bem equipada. Ora, na Guarda, as obras do hospital continuam vergonhosamente paradas e os cortes não serão apenas no edifício, serão também nos material e equipamento a instalar. A população devia estar preocupada e a protestar de forma veemente pela forma como se está a pretender vender a ideia de que é possível ter um bom hospital por pouco dinheiro.

Luis Baptista-Martins

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