Os SAP são uma unidade que, como todas as outras, desenvolve, fora dos cuidados primários de saúde, um serviço relativo àquilo que as pessoas consideram ser urgente. Por vezes a subjectividade é só ansiedade – e depois? É a minha a que me aflige e só uma dor me dói – a minha! Os SAP são uma preexistência de 5 milhões de consultas em 2006 que não pode ser escamoteada. O que defendo é uma reforma do que está manifestamente mal, a passo com a reforma dos cuidados primários de saúde, e no fim os SAP estarão a mais, e desaparecem. A reforma da Urgência está bem, mas está mal quando é feita antes de se reduzirem o número de unidades de transplantação, antes de se redefinirem os serviços hospitalares e quem neles dirige o quê. A construção de um modelo social baseia-se num pressuposto filosófico e político e por essa razão há que prosseguir um caminho próximo do direito à saúde e à sensação subjectiva de segurança. Estamos todos de acordo em mudar para melhor. Mas se Portugal der formação adequado às pessoas, tem melhor saúde e o mesmo Estado reformador não consegue sequer mudar o exame e o modo de escolher das especialidades. Dá um dia de formação a uma auxiliar de acção médica (que vai lidar com pessoas doentes) e o Mac dá 15 dias para vender hamburguers. Salário semelhante, mas aparentemente responsabilidades díspares. O Estado, que agora te vende a ideia de tudo fechar, deve apostar nas consultas abertas de atendimento urgente, o que absorve as consultas dos SAP, nos encaminhamentos dos cuidados primários para as consultas hospitalares, e no encerramento das assimetrias surgidas da má gestão de muitos ministros. A verdade é que estamos de acordo, mas não no modo nem nas prioridades. Sabemos de tanta coisa que devia mudar…. Mas se mudar a direcção de um jornal, ela não deita abaixo o título, destrói a redacção, manda para o desemprego toda a gente, compra novas instalações e zás… começa uma revista. Conheces as perspectivas bizarras de Escher e suas escadas da relatividade? É assim que vejo a diferença entre a Comissão e as pessoas.
Por: Diogo Cabrita