P – Em que consiste o projecto do Banco de Roupa e Acessórios para ajudar os mais carenciados?
R – O objectivo é as pessoas darem roupa, mas também acessórios, como pijamas, cobertores, edredons, lençóis, toalhas ou roupões. É importante que as pessoas tenham cuidado para que dêem coisas em bom estado. De resto, é preferível dar aquilo que já não usamos há muito tempo ou que deixou de nos servir, mas que está em bom estado, porque usámos poucas vezes. Isto acontece muito com as crianças, mas também os adultos que engordam ou emagrecem. Não se pretende que as pessoas vão ao baú e que dêem coisas por lavar, porque quem vai receber também é um ser humano que merece receber o melhor.
P – Tem havido muitas pessoas a entregar roupa e outros artigos neste banco?
R – Temos recebido, sobretudo, roupa de senhora. Não há propriamente muita gente a dar, mas temos um determinado conjunto de pessoas que dá sempre e está lentamente a formar-se uma corrente de pessoas. É muito positivo, porque acho que a melhor publicidade é mesmo essa do boca-a-boca. E neste caso toda a ajuda é sempre muito, mas muito, bem-vinda.
P – Começaram com esta iniciativa há quanto tempo?
R – Desde sempre que damos roupas, mas nunca divulgámos muito e as próprias pessoas parece que não sabem muito bem onde acorrer.
P – Há muita gente a precisar de ajuda na zona da Covilhã?
R – Há muita gente a precisar de ajuda. As pessoas que mais necessitam e as que mais se calam são idosas, reformadas dos lanifícios, que recebem reformas baixíssimas. Não dá para acreditar que se viva com reformas de 200 e poucos euros. As Conferências Vicentinas são uma entidade que existe um pouco por todo o concelho e, por vezes, entrando em contacto com elas, é mais fácil porque elas deslocam-se ao local onde as pessoas residem para ver “in loco” as suas condições. Esta intercomunicação tem que funcionar para cruzar dados, já que, muitas vezes, as pessoas vêem ter comigo e eu fico sem saber o que fazer.
P – Há também esse fenómeno das pessoas esconderem as suas condições?
R – Também e, em simultâneo, há outro fenómeno muito mau, que é a passagem da pobreza de geração para geração. Isto é contagioso. São raros os casos em que as pessoas lutam por conseguir ter uma escolaridade superior ou um trabalho melhor. São pessoas entre os 30 e 40 anos, que têm a quarta classe ou o sexto ano e estão inscritas no Centro de Emprego.
P – Onde devem dirigir-se os interessados em dar e em receber os artigos?
R – Devem dirigir-se à sede do Centro, localizada ao lado da antiga papelaria Ferrão e em frente à Casa de Chaves Carrola. O horário de funcionamento é das 9 às 12h30 e das 14 até às 19 horas, embora haja um horário bem mais flexível.