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Santinho Pacheco quer relançar solidariedade distrital

A regionalização é um dos assuntos prioritários na agenda do novo Governador Civil da Guarda

O novo Governador Civil da Guarda quer relançar o «clima de afectividade e de solidariedade» entre os autarcas do distrito para garantir uma posição de força no processo de regionalização. «Esta vai ser a legislatura preparatória e de transição para a criação das regiões administrativas. Por isso, o distrito tem que estar mais unido», recomenda Santinho Pacheco, 58 anos, antigo autarca de Gouveia, nomeado na semana passada para o cargo.

O sucessor de Maria do Carmo Borges garante que «quanto mais fraco for o núcleo de concelhos do distrito na futura região, mais fraco será o nosso poder», recordando que continua adepto da «grande região Centro», ou seja, das Beiras. «O grande erro em 98 foi aquele mapa da Beira Interior. Desta vez acho que vai haver bom senso a partir das cinco regiões plano, porque o processo é inevitável», considera. Santinho Pacheco também quer juntar periodicamente autarcas e representantes dos serviços desconcentrados da administração central para analisar problemas e projectos e encontrar soluções: «As pessoas querem que os políticos sejam eficazes e activos», sustenta. Pela sua parte, promete «empenho, atenção e servir as pessoas, pelo que tudo farei para estar próximo dos cidadãos, instituições e autarcas». Uma «magistratura de influência» que espera que dê frutos no distrito, garantindo que «não virará a cara à luta na defesa dos anseios dos nossos concidadãos».

O novo representante do Governo na Guarda espera ainda «encontrar novas formas de colaboração» entre as autarquias e o poder central, que, na sua opinião, «deve dar o exemplo na fixação de serviços ou mesmo de empresas». É que, para Santinho Pacheco, a crise actual e o aumento do desemprego na região vão acentuar a desertificação destas terras. «Em termos populacionais há concelhos que estão a atingir o patamar mínimo enquanto municípios e isso deve preocupar-nos a todos», refere, alertando que chegou o tempo dos autarcas começarem a preocupar-se com a vertente económica e o emprego. «O Governo também deve ajudar a encontrar soluções, porque se fechar uma empresa no litoral é muito mais fácil encontrar alternativas, mas na nossa zona não há outras empresas», alerta. O Governador Civil diz-se ainda «muito preocupado» com as instalações das forças de segurança e até admite que o Comando da PSP da Guarda «deve ser o pior do país», pelo que este será outro assunto prioritário na sua agenda.

Recordando ter trabalhado com muitos Governadores Civis, o antigo autarca diz ter aprendido com o passado para exercer agora o cargo. «Apreciei a lealdade e frontalidade de alguns dos meus antecessores. Do que nunca gostei foi que torneassem a legitimidade democrática dos autarcas», explica. Santinho Pacheco vai ser empossado amanhã, em Lisboa, e no sábado tem já o seu primeiro acto oficial em Seia, ao participar numa reunião da Liga dos Bombeiros Portugueses. O seu gabinete deverá ser formado na próxima semana.

O currículo de Santinho Pacheco

Natural de Vila Franca da Serra, no concelho de Gouveia, Santinho Pacheco é professor de profissão, mas logo a seguir ao 25 de Abril foi eleito deputado municipal, tendo sido ainda presidente da Assembleia Municipal. Em 1979 foi eleito presidente de Junta de Vila Franca da Serra e vereador, após a vitória de Alípio de Melo. Nas autárquicas seguintes chegou à presidência da Câmara, onde esteve durante cinco mandatos. Pelo meio, teve uma curtíssima experiência como deputado na Assembleia da República. Em 2001, perdeu a Câmara para Álvaro Amaro e foi novamente vereador até às eleições de 2005.

Luis Martins Santinho Pacheco reuniu esta semana com Maria do Carmo Borges para preparar a transição

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