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Saga dos Bombeiros do Paúl perto do fim

Câmara vai abrir concurso público para a construção do novo quartel da quarta secção da corporação covilhanense

O martírio dos Bombeiros Voluntários do Paúl poderá ter os dias contados, depois de quase duas décadas a viverem e a trabalharem em instalações degradadas. Ao fim de seis anos de promessas, o presidente da Câmara da Covilhã determinou, na semana passada, a abertura do concurso público para a construção do futuro quartel da quarta secção dos Voluntários da Covilhã e de um auditório com 170 lugares, a erigir em terrenos junto ao mercado da vila.

A obra, prometida desde 2000 por Carlos Pinto e ansiada pelos “soldados da paz” paúlenses há 16 anos, deverá estar concluída no segundo semestre do próximo ano com um custo que se estima em 350 mil euros. «Era uma promessa minha que vou cumprir», disse Carlos Pinto a “O Interior”, adiantando que o financiamento será suportado por fundos comunitários. Para o autarca, esta é uma obra de «grande importância» para o «desenvolvimento e segurança» da zona Sul do concelho, pelo que não tem dúvidas de que será «um quartel muito bonito para alojar os bombeiros e as viaturas, para além de dispor também de um auditório para toda a população». Já Emídio Martins, presidente da direcção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Covilhã, considera a medida uma «óptima notícia, que só peca por tardia», pois a obra era uma necessidade antiga. «Há mais de 10 anos que aqueles bombeiros trabalham em instalações provisórias sem o mínimo de condições», disse, esperando apenas que «não haja nenhum entrave» ao concurso para que o quartel seja construído «quanto antes».

Por sua vez, Leonor Cipriano, presidente da Junta de Freguesia do Paúl, está convicta que é desta que a obra vai mesmo avançar. «É uma estrutura que faz falta e vai ser uma realidade no próximo ano, tal como o presidente da Câmara prometeu», espera, lembrando a promessa de Carlos Pinto, na sua última passagem pelo Paúl, de que a empreitada seria lançada a concurso público em Setembro. «Estamos em Agosto e já está lançado», apontou.

Bombeiros reticentes

Menos eufóricos estão os bombeiros do Paúl, que, na generalidade, estão um «pouco desconfiados» quanto à concretização da obra «depois de tantas promessas», adiantou a “O Interior” um dos elementos desta corporação, que preferiu manter o anonimato com medo de represálias da corporação-mãe. «Estamos proibidos de falar com a comunicação social. Caso contrário, ainda podemos vir a ser expulsos, como aconteceu com um colega nosso por ter falado com os jornalistas», justificou. «Só quando virmos a obra a ser construída é que vamos acreditar», acrescentou o bombeiro, alegando estar «esperançado» que a obra vá avante «desta vez», muito por causa da actual Junta de Freguesia. Desde 1990 que os elementos da quarta secção do Paúl, actualmente com 18 voluntários, estão em instalações provisórias e em risco de ruir um dia. Para além das dimensões reduzidas e das péssimas condições sanitárias, o edifício, do princípio século passado, apresenta ainda madeira apodrecida no seu interior, buracos no chão e um tecto que, apesar de ter sido arranjado há mais de um ano, ameaça cair devido às infiltrações de água no último Inverno.

Liliana Correia

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