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Sabugal tem menor número de incêndios do distrito

Concelho raiano registou apenas 39 fogos este ano e a sua área ardida diminui para metade comparativamente a 2000

À margem da tragédia que tem assolado todo o distrito da Guarda, o concelho do Sabugal tem vivido uma acalmia aparente este Verão, registando o menor número de incêndios de todo o distrito, com apenas 39 fogos. Esta situação deve-se, em muito, à presença e actuação das quatro equipas de sapadores que trabalham no concelho, em outros tantos sectores, garantindo uma melhor vigilância e a prevenção oportuna das ocorrências. Um facto confirmado pelas estatísticas da Direcção de Serviços das Florestas da Beira Interior, que revelam uma diminuição para metade da área ardida no concelho raiano em apenas três anos.

O ponto de referência é o ano de 2000, altura (Agosto) em que os sapadores começaram a trabalhar, tendo sido assinalada uma área ardida de 10.123 hectares, o maior registo efectuado até ao momento. Em apenas três anos, e graças à actuação dos sapadores, a área ardida diminuiu no ano passado para metade. Duas das equipas pertencem às CEF’s da Câmara Municipal do Sabugal e as restantes à AcriSabugal – Associação de Criadores de Ruminantes e de Produtores Florestais do Concelho do Sabugal. Estas duas equipas trabalham em conjunto com os bombeiros do Sabugal e do Soito. José Carlos Polho, chefe e coordenador das equipas da AcriSabugal, considera que estes resultados no concelho se devem «em parte» às tarefas que desenvolvem durante o ano, já que, ao contrário dos bombeiros, o seu maior período de trabalho acontece no Inverno. O serviço dos sapadores divide-se em duas partes: «No Inverno, fazemos trabalhos de silvicultura, limpeza de caminhos públicos, limpeza de povoamentos, de pinhais e carvalhos. Procedemos também a campanhas de sensibilização junto das populações. Na altura dos incêndios – Julho, Agosto e Setembro – fazemos vigilância local e procedemos à primeira intervenção», conta o coordenador.

Mais equipas na calha

José Carlos Polho adianta ainda que a limpeza de caminhos públicos e o corte efectuado até 10 metros de cada lado dos caminhos para fazer corta-fogo, faz parte do seu plano de actividades. Já a limpeza de terrenos particulares depende dos proprietários, «que nos contactam e aí têm que nos pagar qualquer coisa», conta. Quanto a apoios, o coordenador daquela unidade adianta haver uma «grande ajuda» da parte da Câmara do Sabugal. «São eles que nos pagam 25 por cento do salário total. Fornecem-nos ainda o material, suportam as despesas inerentes ao seu funcionamento e a manutenção dos carros», explica. Refutando as críticas feitas aos sapadores por só ajudarem no combate aos incêndios se tiverem remuneração extra, José Carlos Polho sublinha que «nós não recebemos mais nada além do salário-base. Geralmente não somos chamados para o incêndio, como andamos no terreno, somos nós quem dá o alerta e fazemos a primeira intervenção. Agora se por algum acaso formos combater um incêndio, as horas que aí passarmos são-nos compensadas em dias de férias e descanso», explica. Quanto à tão falada “mão criminosa” nos incêndios, o coordenador da equipa não tem dúvidas que ela existe em alguns fogos, mas admite que a maior parte dos incêndios ocorre mais por descuido.

«Nós que trabalhamos no terreno, somos os primeiros a dizer se teve ou não mão criminosa e posso afirmar que a maioria é mesmo por negligência e falta de informação», garante. Para Manuel Rito, vice-presidente da Câmara do Sabugal, esta foi uma aposta ganha, por ser uma medida «conveniente e necessária» na vigilância das florestas e cujos resultados estão à vista: «Há três anos que iniciámos o projecto e a área ardida tem diminuído consideravelmente», constata, sublinhando que o projecto é para continuar. «Os resultados têm sido positivos e, ao continuarem assim, vamos apostar na formação de mais equipas para o concelho», promete.

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