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Rui Costa recebe dois milhões para investigar como o cérebro organiza as memórias

Cientista natural da Guarda é investigador principal do Programa de Neurociências da Fundação Champalimaud

O guardense Rui Costa, investigador da Fundação Champalimaud, vai receber um financiamento europeu de cerca de dois milhões de euros para estudar o mecanismo do cérebro que organiza as memórias.

Esta verba, atribuída pelo European Research Council (ERC), permitirá que a equipa do investigador principal do Programa de Neurociências daquela instituição trabalhe nos próximos cinco anos no estudo «das bases neurais do processo de “chunking”», refere um comunicado da fundação. “Chunking”, que em português significa organizar em módulos ou parcelas, é um mecanismo que permite organizar memórias e ações de forma eficiente no cérebro. «Vamos estudar a forma como o cérebro cria esses módulos que tornam simples coisas complexas de forma a facilitar a sua memorização», adiantou a O INTERIOR o cientista, que regressou a Portugal há meia dúzia de anos após trabalhar nos Estados Unidos. O exemplo mais prático é um número de telemóvel de nove algarismos que tendemos a organizar por três parcelas para recordar mais facilmente. «O “chunking” é um mecanismo que nos permite organizar memórias e ações de forma eficiente. Sabe-se que os circuitos neuronais dos gânglios da base são importantes para este processo, no entanto, sabe-se ainda muito pouco sobre como é os elementos individuais destes circuitos neuronais estão ligados entre si», acrescentou Rui Costa, segundo o qual esta investigação poderá ajudar a tratar doenças como a Parkinson.

Os dois milhões de euros atribuídos pelo ERC serão aplicados em equipamento, tecnologia e numa equipa de cerca de 20 pessoas que apoiarão a realização deste projeto. Para o cientista, «num tempo de crise, isto significa financiamento até 2019 e dá-nos uma certa liberdade para trabalhar». Na sua opinião, este apoio é também uma «mensagem positiva» para Portugal, pois são fundos que vêm do exterior «para trabalhar no nosso país e dinamizar a nossa economia». Rui Costa revela que já se sentiram «alguns cortes» nos apoios por parte do Estado à ciência e investigação, mas considera que «ainda não se chegou aos mínimos para se fazer ciência em Portugal, mas estamos lá perto». Em 2012, as investigações deste guardense foram distinguidas por duas vezes com o Young Investigator Award da Society for Neuroscience (15 mil dólares) e pelo Instituto Médico Howard Hughes, dos Estados Unidos recebendo 518 mil euros.

Financiamento será aplicado em equipamento, tecnologia e numa equipa de cerca de 20 pessoas

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