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Rui Cardoso pondera retirar recurso

Dono da Beiralã apresentou proposta para resolver o impasse «por causa da pressão dos trabalhadores»

O pagamento dos últimos 25 por cento dos créditos aos trabalhadores da antiga fábrica de lanifícios Nova Penteação poderá ficar resolvido já no próximo ano. Pelo menos é esta a expectativa decorrente da proposta que o empresário têxtil Rui Cardoso, dono da “Beiralã”, apresentou a Paulo de Oliveira para resolver o impasse e desistir do recurso judicial que interpôs há mais de dois anos para contestar o perdão das dívidas da Nova Penteação à Segurança Social.

A informação foi avançada pelo presidente do Sindicato Têxtil da Beira Baixa (STBB) aos trabalhadores da extinta fábrica, no dia em que estava prevista mais uma vigília junto às instalações da Beiralã. O anúncio levou ao cancelamento da iniciativa, apesar do conteúdo ainda ser desconhecido. Por ora, Luís Garra encara este passo com optimismo, pois a proposta poderá resolver «definitivamente o problema» caso seja aceite por Paulo de Oliveira. «Agora, a bola está exclusivamente do seu lado», apontou o sindicalista, reconhecendo no entanto que as negociações poderão não surtir o efeito desejado. «Não conheço a proposta, nem sei se é minimamente aceitável ou negociável», explicou, pelo que espera apenas que se expliquem as razões caso as negociações «não cheguem a bom porto». Até porque foi graças ao «contributo inestimável do sindicato e dos trabalhadores» que foi possível levar as partes «ao diálogo».

A “O Interior”, Rui Cardoso confessou ter tomado a iniciativa de resolver o diferendo por causa «da pressão dos trabalhadores», admitindo estar disponível para retirar o recurso – que ainda não seguiu para o Supremo Tribunal de Justiça – caso a proposta que se encontra a ser negociada pelos advogados de ambos venha a ser aceite por Paulo de Oliveira. A Nova Penteação, agora designada como Tessimax, foi adquirida pelo empresário de Unhais em finais de 2003 numa assembleia de credores e após ter chegado a acordo de rescisão de contrato com os 460 trabalhadores. Na altura, tinha ficado assente o pagamento dos créditos aos operários por três vezes: 50 por cento iniciais, 25 por cento com o registo do trespasse e os últimos 25 por cento com o trânsito em julgado. Esta última parte ainda não aconteceu devido ao recurso judicial interposto pelo dono da Beiralã por causa do perdão das dívidas da Segurança Social à Nova Penteação. Uma posição que está a impedir o pagamento de 750 mil euros de indemnizações a cerca de 300 trabalhadores da antiga Nova. Dos seus 460 trabalhadores, 260 ficaram no desemprego, 200 foram readmitidos e apenas 160 receberam a totalidade das indemnizações. O STBB marcou já um novo encontro para 6 de Janeiro para analisar a situação e tomarem decisões.

«Paulo de Oliveira está a criar instabilidade» na Tessimax

No encontro da semana passada, Luís Garra aproveitou a oportunidade para acusar Paulo de Oliveira de criar «uma situação de instabilidade e incerteza» em relação à Tessimax. A denúncia, que surgiu à margem do motivo da vigília, surge na sequência das críticas do empresário têxtil às acções de luta promovidas pelo sindicato. Segundo o sindicalista, Paulo de Oliveira terá insinuado que as acções estão a prejudicar a imagem e a estabilidade da empresa. «Está a dar um sinal prejudicial à empresa», acusou Garra, referindo-se ao facto de não pagar os últimos 25 por cento das indemnizações sem que a decisão transite em julgado pois, como referiu por diversas vezes, é «um dever moral» por causa da situação que se arrasta há mais de dois anos. Para além disso, está ainda o facto de Paulo de Oliveira «estar a rescindir os contratos com os trabalhadores a prazo para que estes assinem um novo contrato com uma outra empresa que possui», acusa.

Liliana Correia

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