Arquivo

Ruas de Algodres novamente esburacadas

Após oito anos de transtornos causados pelas prospecções arqueológicas, novas artérias estão a ser intervencionadas por causa do saneamento básico

Depois de oito anos de convivência com as ruas da aldeia a descoberto, ainda não foi desta que a população de Algodres, no concelho de Fornos, pôde respirar de alívio. No final de Setembro, O INTERIOR noticiava que as escavações arqueológicas que “mexeram” com grande parte da aldeia, depois de sucessivos avanços e recuos nos trabalhos, estariam terminadas.

No entanto, só há cerca de três semanas é que teve início a empreitada para a execução do saneamento básico. Situação aparentemente normal, não fosse o facto de estarem a ser “esventradas” uma série de artérias cujos trabalhos já estavam concluídos desde 1999. A denúncia foi feita por Alexandrina Rodrigues, uma moradora, e para quem «o inferno das obras» parece não chegar ao fim. «Estão a remover os paralelos em pelo menos duas das ruas que já estavam dadas como concluídas e não sabemos quantas mais irão ser intervencionadas», lamenta, acrescentando que «as artérias que foram alvo das prospecções ainda não estão repavimentadas». De resto, Alexandrina Rodrigues garante que na aldeia há quem diga «que os trabalhos em 1999 foram mal feitos e o actual empreiteiro está a deparar-se com vários defeitos nas ligações». A chegada do Inverno «vai agravar a situação», receia quem convive há muito com acessos cortados e entulho um pouco por toda a parte. «Já para não falar das casas que ainda não viram o saneamento básico», sublinha.

Contactado por O INTERIOR, José Miranda, autarca de Fornos de Algodres, explica que em causa está agora a conclusão da instalação do saneamento básico. Logo em 1999 foram iniciadas duas empreitadas, «uma para a execução do saneamento e outra de arqueologia, que deveriam decorrer ao mesmo ritmo para minimizar o impacto das obras», justifica. Segundo o edil, a arqueologia «andou a um passo demasiado lento para que pudesse ser acompanhada pelo empreiteiro e só agora é possível proceder à conclusão da segunda empreitada». Agora, apesar das queixas da população, a Câmara não consegue prever com exactidão o final dos trabalhos, embora José Miranda aponte para o final do ano, «com alguma boa vontade do empreiteiro». As obras, orçadas em mais de 600 mil euros, estão a ser financiadas em 50 por cento pelo Programa Operacional da Cultura, cabendo a restante fatia à autarquia. Recorde-se que, em 1999, aquando da execução das obras do saneamento e electricidade, descobriram-se vários vestígios arqueológicos. Contudo, as prospecções nunca foram pacíficas, o que motivou uma série de avanços e recuos nos trabalhos, que, de resto, só ficaram concluídos em Setembro passado.

Rosa Ramos

Sobre o autor

Leave a Reply