A reactivação da linha férrea entre o Pocinho e Barca d’Alva deverá custar entre 20 a 25 milhões de euros, estima o presidente da Câmara de Figueira de Castelo Rodrigo. Os valores necessários para revitalizar e manter o troço de 28 quilómetros foram revelados por Ricardo Magalhães, chefe de estrutura de Missão do Douro, durante uma reunião da Comissão de Revitalização da Linha do Douro realizada na semana passada naquela vila do distrito da Guarda.
Segundo António Edmundo, neste encontro foram apresentados os estudos financeiros para a reactivação da linha e debatida a «estratégia seguinte», que passa por definir «onde candidatar» o projecto, sendo que os Programas Operacionais Regionais do Centro e Norte são duas opções. Nesse sentido, cerca de «70 a 75 por cento» do valor deverá vir dos fundos comunitários, no âmbito do QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional, enquanto o financiamento para o «grosso das obras» sairá do Programa Operacional Temático Valorização do Território, adianta. O autarca de Figueira de Castelo Rodrigo acrescenta que a comissão vai reunir, brevemente, com a Refer e a Secretaria de Estado dos Transportes para o processo poder conhecer novos desenvolvimentos, realçando já ter havido reuniões com dois grupos de empresários interessados na exploração da linha e em colocar o material circulante.
«Esta foi uma condição imposta pela Secretária de Estado dos Transportes para que se consiga um modelo de negócio viável e sustentável a médio prazo», sublinha o edil, dizendo não estar ainda definido se a linha será exclusivamente para fins turísticos. Até porque o estudo apresentado «também contempla a possibilidade do transporte de mercadorias e de passageiros», isto no caso da linha do lado espanhol até a La Fuente de San Esteban, próximo de Salamanca, também ser reabilitada. Perante estes indicadores, António Edmundo acredita que «desta é mesmo de vez», até porque «desde o início que o Governo tem dito que não há problemas com o financiamento». Assim, diz-se «extremamente confiante» na reabilitação da Linha do Douro, entre a fronteira e o Porto, «o que contribuirá para trazer outro afluxo turístico à região». Em aberto continua o projecto de um hotel de charme, que requalificará o edifício da estação de Barca d’Alva. A Refer, dona do imóvel, «continua interessada» em desenvolver essa unidade hoteleira, «sempre mantendo a vertente de estação», já que o comboio passará apenas duas vezes por dia.
No entanto, o presidente figueirense assegura que um «grande grupo financeiro da área do turismo sénior e de saúde poderá estar interessado» no projecto. O relatório agora apresentado surge 11 meses depois da Convenção de Barca d’Alva, realizada em Dezembro do ano passado. Nessa altura, cerca de três dezenas de autarcas e outras entidades da região duriense uniram esforços para conseguirem a reactivação daquele troço de 28 quilómetros, desactivado há mais de duas décadas, por se tratar de um «investimento-âncora» para o desenvolvimento de todo o vale do Douro.
Ricardo Cordeiro