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Revitalização da Linha do Douro à espera do QREN

Comissão executiva saída da Convenção realizada no último domingo vai liderar processo de candidatura

A ambição da reactivação da linha férrea entre o Pocinho e Barca d’Alva saiu reforçada da convenção promovida, no domingo, pela recém-formada Comissão de Revitalização da Linha do Douro. Precisamente no dia em que se assinalaram os 120 anos da chegada do comboio a Barca d’Alva, no concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, o presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Norte adiantou que existem verbas no próximo Quadro de Referência Estratégica Regional (QREN) para a requalificação do troço de 28 quilómetros.

«Há financiamento no Programa Operacional (PO) Regional do Norte para candidaturas como a revitalização da linha de caminho-de-ferro entre o Pocinho e Barca d’Alva», assegurou Carlos Laje. Entre as principais conclusões desta iniciativa está a criação de uma comissão executiva que congrega, entre outras entidades, o poder local e os empresários da região. Compõem este órgão Ricardo Magalhães (chefe de Estrutura de Missão do Douro), Isabel Jiménez Garcia (presidente da Diputación de Salamanca), António Edmundo e Emílio Mesquita (respectivamente autarcas de Figueira e Foz Côa), Fernando Maia Pinto (director do Museu do Douro) e José Bautista (presidente da Associacion “Camino de Hierro”). Os autarcas de Freixo de Espada à Cinta, Marco de Canaveses, Peso da Régua e Torre de Moncorvo completam a lista, sendo que os empresários serão «oportunamente» convidados para a comissão executiva, indicou António Coutinho, presidente da Assembleia Municipal do Marco de Canaveses, que leu as conclusões da convenção.

Esta comissão executiva fica agora responsável por «encontrar a plataforma jurídica para potenciar a candidatura desta obra ao Programa Operacional da Região Norte deste grande investimento para a região», explicou António Edmundo. «Temos que saber preparar o caderno de encargos a tempo de ser candidatado aos fundos comunitários 2007-2013. Penso que, neste momento, o investimento está na agenda. O ministro das Obras Públicas já nos disse que o Governo apoiará se as Câmaras assumirem as suas responsabilidades e nós cá estamos para o fazer», reforçou. Os participantes no encontro de Barca d’Alva decidiram também que a comissão solicite reuniões a empresários da região, Ministério das Obras Públicas, REFER, CP, bem como ao Governo Regional de Castela e Leão e aos movimentos espanhóis que defendem a abertura da linha entre Barca d’Alva e La Fuente de San Esteban. O presidente da Assembleia Municipal do Marco de Canaveses realçou também ter «ficado demonstrado» que o custo para a revitalização da ligação Pocinho–Barca d’Alva é de «cerca de 15 milhões de euros», um valor que permite fazer «apenas dois quilómetros de auto-estradas».

Para António Coutinho, «a conjugação de esforços entre autarquias, sociedade civil, Refer, CP, Estrutura de Missão do Douro e a Comissão de Coordenação Regional do Norte ou o Governo vai ter obrigatoriamente que acontecer». A convenção contou com a participação das 28 autarquias envolvidas no projecto e diversas individualidades, como os ex-ministros Augusto Mateus e Braga da Cruz. Na sua intervenção, o primeiro considerou que as relações com Espanha são «fundamentais» neste projecto e que, caso a revitalização do troço Pocinho e Barca d’Alva se concretize, haverá «possibilidade de fazer do Douro um grande projecto de criação de emprego e desenvolvimento económico».

Plano de Pormenor para Barca d’Alva

A Câmara de Figueira de Castelo Rodrigo vai avançar com um Plano de Pormenor para Barca d’Alva com o objectivo de «requalificar, preservar e alindar para o turismo» a aldeia ribeirinha do Douro. «Vai haver fundos específicos para esse fim. Pensamos que é necessário dar uma tónica de modernidade à aldeia, que é uma porta aberta para o turismo, embora sempre salvaguardando os materiais, a estética e a cércea», refere António Edmundo. A «viabilidade de empreendimentos hoteleiros e de restauração», que hoje não são permitidos «desde que a cércea seja superior a 6,5 metros», é outro dos pontos que o autarca quer ver incluídos no futuro instrumento de ordenamento do território. Neste âmbito, o edil entende que, «pelo menos», a antiga estação ferroviária deve ser recuperada para unidade hoteleira. Sobre o desenvolvimento do Plano de Pormenor, António Edmundo espera que este «não demore mais de dois anos». A criação de um Centro de Interpretação Ambiental é outro dos projectos a concretizar em Barca d’Alva.

Ricardo Cordeiro

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