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Retratos da modernidade

observatório de ornitorrincos

Gosto de jornalismo de causas. E apercebo-me que a palavra “calças” no português do Brasil se diz da mesma forma que “causas” no castelhano de Espanha. Pode até nem ser uma grande descoberta, mas Max Planck além de iniciar a Mecânica Quântica, também deu o nome a uma cadelinha vadia e acabou por ser laureado com o Prémio Nobel.

O Correio da Manhã, que pode não ser um jornal de grande renome internacional, é aquele com mais páginas de anúncios de sexo, que, como o nome indica, são bastante “reputadas”. Mas não se julgue que tenho algum preconceito contra o jornalismo popular. Sou mesmo da opinião de que para se andar devidamente informado se deve comprar diariamente um jornal de referência e o Público.

Os tempos modernos são mais férteis em novidades que o casal pretendente ao trono português em criancinhas. É necessário acompanhar diariamente a informação mais actual, os acontecimentos mais importantes e depois, durante uma hora e para desligar dessa ditadura do presente, há quem se sente a ver o Jornal Nacional da TVI.

Na política nacional os tempos são de concórdia e boa vizinhança entre Sócrates e Cavaco e de grande reboliço na oposição. No PSD e no CDS as lideranças são contestadas, no Bloco e no PCP inventam-se assuntos para legislar. Na realidade, daqui deriva o preconceito intelectual de que a direita é caceteira e a esquerda criativa.

O Médio Oriente domina a contemporaneidade internacional. O Iraque, o Irão, Israel, a Palestina, a Síria. Pessoalmente considero que em algumas zonas do globo dever-se-ia utilizar um critério aleatório para os países terem algum crédito. Por exemplo, na península a sul da Turquia, só eram respeitados os estados que não utilizassem artigo definido. Assim, sem olhar a nomes. E noutras, como por exemplo a Península Ibérica, poder-se-ia aplicar uma regra rigorosamente oposta, para não criar situações de injustiça.

O que preocupa mais as autoridades de saúde neste momento em que escrevo é a gripe das aves. Não que estejam muito atarefadas a prevenir a hipotética epidemia, mas porque eu redijo estas linhas à hora de jantar e esses responsáveis acautelam-se da doença com bifes de novilho e costeletinhas de veado.

A informação desportiva vive de dois assuntos apenas: futebol e Benfica. Ultimamente tem também trazido a lume algumas notícias acerca das dificuldades financeiras do desporto profissional, bem ilustradas pelo facto de as SAD’s dos clubes de futebol terem sido as únicas empresas portuguesas a não serem objecto de uma OPA de Belmiro de Azevedo e Paulo Teixeira Pinto. Perdoem-me os leitores a ousadia de utilizar uma coluna de opinião para expressar os meus pontos de vista, mas o jornalismo é isto mesmo e fecundo em surpresas porque a letra é redonda. Pedido o perdão, alvitro que o melhor, e agora estamos já em pleno enfoque económico, era vender o país todo à Sonae e ao Millenium BCP. Deixava-se apenas um ou outro centro comercial a grupos concorrentes, nomeadamente em zonas geográficas de maior incidência étnica. Ah, e a TVI mantinha-se no grupo espanhol a que pertence, porque é notória a melhoria na programação e na informação desde que a Prisa comanda os seus destinos.

E no âmbito da religião, a Igreja vive não só uma crise de vocações, como de fiéis. De tal forma, que para atrair os mais jovens à celebração da eucaristia, os sacerdotes começaram a utilizar a expressão “Oreos, irmãos”.

Termino esta semana com a locução latina Sic transit gloria mundi, que significa literalmente “O trânsito na SIC é a glória deste mundo”.

Por: Nuno Amaral Jerónimo

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