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Requiem por Jorge Gama

Bilhete Postal

Morreu o amigo Jorge Gama e nesses dias o fogo consome a floresta, o mar dizima as praias, a lava desce dos montes em fumo e tudo, tudo se vai. O Jorge Gama é um eterno amigo que presidiu com honra e dedicação aos Rotários de Valença do Minho, que foi presidente da Assembleia Municipal de Valença, que me fez autarca em homenagem ao meu pai que tanto gostava. O Jorge Gama, aos 60 anos, existiu entre mim e o meu pai, e foi transversal aos dois, na sua imensa amizade com ele, que se pegou a mim. O contágio invadiu a mana Paula e a mãe Fernanda, abarcando todos. O pai pediu que o Gama e a Luísa Cunha fossem padrinhos do meu filho Ricardo, pouco antes de falecer, e assim quando o Ricardo nasceu, o único dos netos que o avô já não viu, tornou-nos compadres.

Era um incentivo, um motor de desenvolvimento, uma amizade de dar muito, de muita dedicação, e tudo isso ardeu num engano do coração. Parou de bater o amigo, o socialista, o companheiro, o sorriso constante e a palavra. Se em Valença do Minho um homem falava bem era o Gama. E o Jorge foi deputado pelo PS durante um ano, na Assembleia da República, onde o regulamento não permitiu perceber a sua importância e essa é mais uma das injustiças deste mundo. O Jorge partiu sem a homenagem em vida, sem o reconhecimento que tanto merecia. Claro que um amigo fica sempre nas nossas memórias e só morre quando partimos também, mas agora é mais saudade, é revolta, é tristeza. Fica o privilégio de nos ter dado amizade, de nos ter incentivado, de nos ter contagiado. Obrigado por tudo, e desculpa esta desilusão zangada que sinto agora, na hora em que, sem autorização, partiste. Isto não se fazia Jorge.

Por: Diogo Cabrita

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