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Rentabilizar potencialidades

Anotações

O ciclo das iniciativas que têm por objetivo a promoção do queijo da Serra da Estrela e a homenagem a todos aqueles que, direta ou indiretamente, estão ligados à sua produção, iniciar-se-á brevemente.

É certo que estes certames perderam alguns dos traços característicos das iniciais feiras-concurso, vulgarizando-se, nalguns casos, e enriquecendo o programa, noutros.

As referidas iniciativas, pela sua especificidade e outrossim pela garantia de qualidade na compra do famoso produto serrano costumam atrair bastantes pessoas, sobretudo quando há coincidência com o fim de semana ou dias de pausa laboral (imposta ou não pelas novas diretrizes da concertação social…).

Tradicionalmente – hoje a realidade económica e social pode trazer acentuadas diferenças – tem havido uma inquestionável animação de várias localidades do distrito, nas vertentes e na orla da Serra da Estrela. Contudo, as várias propostas apresentadas ao visitante, do distrito ou de outras regiões do país, continuam a surgir sem qualquer articulação, independentes umas das outras, o que não permite um eficaz aproveitamento das potencialidades de atração turística que lhe estão inerentes.

Com este figurino tem sido inviabilizada uma promoção global da região serrana, onde estas realizações têm lugar, e não se contribui para prolongar a permanência dos forasteiros, o que poderia conduzir à “descoberta” de outras realidades, nomeadamente patrimoniais, paisagísticas ou gastronómicas, servindo de incentivo a novas e regulares deslocações a esta zona do país (pesem as novas e injustas condicionantes rodoviárias).

Através de uma interligação dos certames realizados nos vários concelhos, e com a calendarização mais adequada à presença de visitantes, será possível proporcionar, ao longo de um período mais alargado, um conjunto de propostas que podem ter continuidade, mais a norte, com o quadro ímpar das amendoeiras e das festividades a elas ligadas, com a promoção dos nossos vinhos.

Da aliança entre a Estrela e o Douro podem resultar excelentes ofertas turísticas, sem esquecer, de permeio, o importante contributo das aldeias históricas, do roteiro dos castelos medievais ou da prática de vários desportos radicais, que encontram neste distrito diversificadas opções.

Para que isto aconteça é fundamental uma real convergência de esforços não só dos municípios, mas igualmente dos responsáveis pela promoção turística e de todos os que trabalham no sector da hotelaria e da restauração.

A oferta turística tem de ser sinónimo de qualidade e enquadrar-se num planeamento atempado, rigoroso, com objetivos bem definidos e capacidade de resposta às solicitações do mercado.

A Serra da Estrela, por exemplo, não pode ser apenas associada à alvura da neve por forma a convidar à descoberta de outros encantos que reserva. E para isso é necessária uma melhor articulação de projetos, de estratégias, de políticas, de planeamento de ações e eventos, sejam eles culturais, gastronómicos ou desportivos.

É fundamental a motivação do visitante para novas deslocações, proporcionando-lhe uma gama de opções que o prendam à magia da Serra e o convertam num elemento divulgador da sua identidade e região circundante.

O cartaz serrano deverá funcionar como uma imagem de marca qualitativa, onde esta região se sinta plenamente envolvida, resultando em elemento propulsor de desenvolvimento turístico e económico.

É mais do que tempo (é urgente) aproveitarmos as nossas reais potencialidades turísticas e afastar reivindicações isoladas e descontextualizadas (ou mesmo demagógicas), protagonismos individuais, bairrismos doentios e inaceitáveis.

Por: Hélder Sequeira

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