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«Regra de ouro: a melhor defesa é evitar o conflito»

Cara a Cara – Micael Sanches

P – Como começou o gosto por esta modalidade?

R – O meu gosto por esta modalidade começou quando era bastante novo, tinha sensivelmente cinco anos e gostava imenso de uma serie que dava na TV chamada “Kung Fu”. Recordo-me de fazer alguns golpes de luta enquanto via a serie, achava fantástico toda aquela filosofia relacionada com controlo do corpo e disciplina da mente advindo da prática das artes marciais. Como na Guarda não existia kung fu, optei um dia por ir fazer um treino de karate com o mestre César Olival e o entusiasmo foi tanto que logo no primeiro dia fiz a aula dos iniciados e de seguida a de graduados. Recordo-me de pensar para mim “é isto que eu quero”. Aliada a toda esta vontade estiveram presentes os bons ensinamentos do mestre César Olival, que observa e orienta esta minha paixão pelo karaté.

P – No interior, como vê o futuro do desporto nesta área?

R – A desertificação do interior é um problema grave que poderá piorar e que nos preocupa a todos. No entanto, o futuro nesta área é simétrico a outras ciências, onde também se formam bons investigadores… Quero com isto dizer que não devemos baixar os braços simplesmente por estarmos no interior do país. Tem-se percebido que quem prática desporto, nomeadamente karate, tem uma vida social mais equilibrada, normalmente com melhores resultados escolares e profissionais, contribuindo também para uma maior noção de segurança!

P – Sente que o facto de competir numa equipa do interior o limita de alguma forma?

R – O facto de nos encontrarmos no interior do país dificulta um pouco a projeção dos competidores existentes, pois os apoios e patrocínios tornam-se escassos, limitando os deslocamentos e dessa forma a participação em mais competições.

P – Passa pelo seus horizontes competir fora daqui?

R – Não.

P – Já ganhou vários títulos nacionais e internacionais. Quais são os próximos que ambiciona conquistar?

R – Apesar dos resultados que obtive no último Campeonato Nacional KPS, tenho estado um pouco fora das competições, pois como estou a licenciar-me em Desporto divido a minha atenção mais pela parte académica e em dar treinos de karate. Contudo não coloco de parte conquistar novos títulos…

P – Os ensinamentos adquiridos na prática de artes marciais são importantes para a própria defesa pessoal em circunstâncias inesperadas?

R – Com a prática do karate adquire-se uma maior perceção do perigo, o que contribui para uma melhor segurança pessoal. Portanto, sem dúvida que sim. No entanto, e também como um dos instrutores de defesa pessoal da Guarda – os outros são Tiago Alves e Micael Sanches –, a regra de ouro é que a melhor defesa é evitar o conflito.

P – Como encara os atos de violência na sociedade e até que ponto o preocupam?

R – Nalgumas circunstâncias, estes comportamentos conflituosos são originados por jovens revoltados que, algumas vezes, resultam de um meio familiar menos atencioso. Talvez estes crimes se tornassem menos frequentes se houvesse uma política de incentivo e de educação desportiva enquadrada, favorecendo e fortalecendo os laços entre pais e filhos, e estes com a sociedade. A sociedade em que vivemos parece aprovar em silêncio uma educação onde os filhos crescem sem ver os pais e nessas circunstâncias como podem os pais transmitir educação aos seus filhos…

Micael Sanches

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