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Refood Guarda com poucas doações de alimentos

Número reduzido de restaurantes aderentes pode pôr em causa trabalho de organismo, que receia não conseguir assegurar uma refeição completa para as famílias sinalizadas

Foi no mês de abril que a Refood entrou em ação na Guarda, mas dois meses depois, a força com que o projeto arrancou pode vir a diminuir. «Não é essa a vontade dos gestores», garante o vice-coordenador, mas a falta de parceiros tem dificultado a tarefa a que se propuseram.

Até agora têm sido as cantinas das instituições de ensino da cidade as maiores fontes de alimento da Refood, no entanto, com o fim das aulas deixaram de fazer refeições e por isso também não há excedentes para doar. «É uma grande perda para a Refood Guarda», lamenta Artur Almeida. Quando os responsáveis fizeram um apanhado inicial pela cidade «houve bastante apoio, cerca de 50 parceiros, entre restaurantes e escolas», recorda o responsável, mas com o tempo foi-se verificando que «a maior parte dos parceiros não tinha excedentes para entregar». O problema é que com o número de famílias a aumentar, atualmente apoiam cerca de 30 agregados e 70 pessoas, e o número de parceiros a diminuir «as nossas preocupações têm crescido».

Até ao final das aulas nunca houve um dia em que a Refood Guarda não conseguisse distribuir alimentos, mas desde então «o amanhã é sempre uma incógnita», refere o vice-coordenador do projeto na cidade mais alta. «Por vezes, sem esperarmos, aparece-nos mais um tabuleiro, o que nos permite assegurar mais algumas refeições», adianta. Frutas, pães e bolos «nunca faltam», mas embora o objetivo principal seja distribuir os excedentes, os gestores tentam sempre dar uma refeição completa, «e é isso que por vezes é mais complicado conseguir», alerta Artur Almeida. «Ninguém é obrigado a colaborar, mas é pena que muitos restaurantes, que até têm excedentes, não nos apoiem. Os proprietários não têm vontade», lamenta o responsável. «Alguns dizem-nos mesmo que não querem ajudar malandros», mas o vice-coordenador assegura que todas as pessoas que ajudam «são mesmo carenciados».

A Refood Guarda estabeleceu parcerias com instituições de solidariedade social da Guarda que apoiam famílias com dificuldades já sinalizadas. «Há ainda muita fome escondida na Guarda», revela Artur Almeida, que garante que toda a equipa «não vai baixar os braços». Atualmente há cerca de nove estabelecimentos que diariamente fazem doações e «todos os dias tentamos bater a mais portas pela cidade, mas por vezes não nos dão respostas, dizem para passarmos mais tarde». De forma a racionar melhor os alimentos que têm, «distribuímos o que temos pelas famílias, mas tentamos sempre guardar alguns alimentos que não se estraguem para o dia seguinte, pois nunca sabemos como vai ser», revela o responsável, que lamenta que os apoios sejam fracos, «mesmo da autarquia». Na sua opinião, aderir a esta iniciativa «é para o bem da comunidade», pelo que a força de vontade dos voluntários «não vai diminuir». Espera, por isso, que mais gente, juntamente como a equipa, «acreditem neste projeto». Pelos donativos que chegam à Refood Guarda, sediada na Rua do Amparo, em pleno centro histórico, sejam eles em géneros ou em dinheiro, a organização passa o recibo correspondente ao valor da doação.

Ana Eugénia Inácio Projeto arrancou na Guarda a 10 de abril deste ano

Comentários dos nossos leitores
Norberto Filipe Sousa Pontes noberfilipe12@hotmail.com
Comentário:
Gostei, é uma iniciativa boa e que não pare por aqui.
 

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