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Rede de regras

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Uma sociedade manietada de regras é um lugar opressivo? Servem as normas e os protocolos um fim de melhoria constante? A aplicação obsessiva de medidas uniformizadoras é um caminho que liberta? Li muitas vezes que normalizar trazia qualidade uma vez que deixava menos espaço ao livre arbítrio. Mas a liberdade também acrescenta experiências, novidades, surpresas. A arte é, em rigor, criação livre e se for educada respeita alguns conhecimentos básicos mas depois tem de carregar imaginação e liberdade. O comércio “sameness” ou “todo igual” é uma opção redutora e pode condicionar a falência de todos num tempo previsível. Mas as verdades únicas são sempre falsas e por isso a “rua dos sapateiros”, a “rua dos chapéus”, não morreram e as lojas lá estão comprovando que nem todas as asserções se constroem de verdade. Os legisladores que produzem lei em demasia esforçam-se por proteger os cidadãos, mas na sua torturante obsessão criam mecanismos de impedimento da livre iniciativa. O mundo das normas é construído na crença de que eles diminuem os erros, mas a verdade é que são as pessoas que cometem falhas (porque são apenas pessoas e choram, sofrem, distraem-se, ausentam-se, esquecem, mandriam) e por isso elas existirão sempre. Não duvidemos que a presença de listas de cumprimentos reduzem os esquecimentos, que muitas normas trazem qualidade, mas a tirania da norma pode matar a diferença. “Sameness” é pois um modo, mas não é forçosamente uma solução. Acredito que o melhor meio de controlar o descuido é a educação/formação ou o castigo. O investimento maior deve ser o da justiça e o dos tribunais. Mais rápidos, mais eficazes, mais educativos que repressores. A concorrência devia ser mais livre, a auditoria mais educativa e atenta, depois os tribunais faziam a justiça.

Por: Diogo Cabrita

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