Arquivo

Rede de Judiarias pode beneficiar toda a Beira Interior

Projecto foi apresentado durante o Ciclo de Cultura Judaica da Guarda que terminou sábado

A implementação de uma Rede de Judiarias pode tornar-se um factor de desenvolvimento para toda a região da Beira Interior. O projecto foi apresentado pelo gestor urbano da Agência para a Promoção da Guarda (APGUR) no seminário sobre as “Judiarias da Raia – Legado e Futuro”.

No encontro realizado na passada sexta-feira, e que foi co-organizado pelo Centro de Estudos Ibéricos e a APGUR, no âmbito do Ciclo de Cultura Judaica da Guarda, António Saraiva defendeu a criação de uma rede de judiarias «devidamente organizada», que envolva parceiros como autarquias, agentes de viagem e de hotelaria para que o legado judaico possa contribuir para «o desenvolvimento da região». O arquitecto sustentou que esta cultura «é demasiado rica e sensível» para se «“empacotar”» em termos turísticos, sublinhando que «há um leque de actividades em que podemos levar a região mais longe com o potenciar deste produto endógeno que é o judaísmo». Esta rede servirá para «agregar as potencialidades de cada um dos espaços» que se encontram espalhados um pouco pela Beira Interior. Trata-se de um «projecto de colaboração e cooperação», que pretende «trazer eficiência e criar sinergias, sem que cada local perca a sua identidade».

Possibilitará também «uma maior e mais diversificada oferta», que, simultaneamente, contribuirá para «diminuir a sazonabilidade turística da região mais ligada ao frio e à neve», uma vez que este é «um produto para todo o ano». De resto, o responsável recordou que o projecto não é novo. «Estamos é a tentar rentabilizar uma cultura que ainda não está devidamente rentabilizada», disse, indicando concelhos como Almeida, Celorico da Beira (Linhares da Beira), Figueira de Castelo Rodrigo (Castelo Rodrigo), Gouveia, Guarda, Mêda (Marialva), Trancoso e Vila Nova de Foz Côa, no distrito da Guarda, em conjunto com Belmonte (Caria), Castelo Branco, Covilhã, Fundão, Idanha-a-Nova (Medelin) e Penamacor, em Castelo Branco. Alguns dos objectivos da Rede de Judiarias passam por valorizar um recurso endógeno e «inimitável da região», rentabilizar investimentos já executados, criar factores de atractividade turística e consequente potenciação da economia, bem como «desenvolver dinâmicas colectivas de inovação, promoção e gestão. Sem isto cada localidade continuará a promover-se dentro do seu espaçozinho», avisa.

Na sua apresentação, António Saraiva sugeriu apostas no «aumento e diversificação de produtos kosher» ou no «apoio ao aparecimento de cozinha judaica». Mas para este desafio é preciso «haver cooperação entre diversos agentes», nomeadamente «vontade, acima de tudo» para o implementar. Outro dos participantes neste colóquio foi o presidente da Entidade Regional de Turismo da Serra da Estrela (TSE). Jorge Patrão começou por enaltecer o facto da região ter atingido as 450 mil dormidas de turistas em 2008, prosseguindo com a importância de ter uma «oferta diversificada e não apostar tudo na neve». Para aquele responsável, «temos uma reputação a nível da cultura e história judaica na Serra da Estrela», que será recordada no Festival da Memória Sefardita, agendado para o mês de Novembro em Belmonte, Guarda e Trancoso. O presidente da TSE disse que são esperados «centenas de sefarditas que virão de todo o mundo».

Ricardo Cordeiro A Rede de Judiarias pretende «valorizar um recurso endógeno e inimitável da região»

Rede de Judiarias pode beneficiar toda a
        Beira Interior

Sobre o autor

Leave a Reply