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Reconversão do Sanatório em pousada continua incerta

RTSE aguarda há mais de um ano pela adjudicação da obra a um dos 16 concorrentes ao concurso público internacional

Mais de um ano após o lançamento do concurso público internacional, a Região de Turismo da Serra da Estrela (RTSE) continua a aguardar pela adjudicação da construção da futura Pousada da Serra da Estrela, no antigo sanatório dos ferroviários, a uma das dezasseis empresas que concorreram para reconverter aquele edifício concebido em 1927 por Cotinneli Telmo. É mais um impasse na história da reconversão do edifício numa Pousada da Enatur, ambicionado há anos pelos promotores turísticos locais.

Mas contrariamente ao que esperavam o autarca da Covilhã e o presidente da RTSE, Jorge Patrão, o anúncio da adjudicação da obra não foi feito pelo secretário de Estado do Turismo na última sexta-feira. Luís Correia da Silva escusou-se a comentar o assunto, assegurando apenas que o Governo vai «continuar a olhar com muito cuidado» para a situação e que «tudo fará para que seja possível transformar esse equipamento numa referência na região», garantiu, sem adiantar mais pormenores sobre o assunto. «Estamos a trabalhar», rematou, esquivando-se assim aos pedidos deixados no discurso de Carlos Pinto na cerimónia que antecedeu a visita à Serra da Estrela. «Mesmo que não seja anunciada hoje a adjudicação da obra, acredito que será levada a cabo ainda este ano», afirmou o autarca, avisando que a região ficará «estupefacta» se tal não acontecesse. «A não ser levada a cabo esta obra, a administração central ficaria muito mal colocada», acrescentou, ao recordar as promessas do Primeiro-Ministro e do ministro da Economia. E por via das dúvidas, Carlos Pinto lembrou também que já foram gastos um milhão de euros no projecto de recuperação daquele edifício.

Indignado estava também Jorge Patrão, um dos maiores impulsionadores do projecto. O responsável pela RTSE esperava mais notícias sobre o sanatório, tendo em conta que «algumas das maiores empresas espanholas e portuguesas» estão à espera da adjudicação da obra há mais um ano. «Isso já deveria ter acontecido», lamentou, explicando que a obra já tinha verbas disponíveis para a sua construção. «Se o próprio Governo dispunha de 60 milhões de euros afectos à construção de seis novas pousadas, é incompreensível que parte desses fundos tenham sido desviados», criticou. Assim sendo, Jorge Patrão considera que quem «desviou essas verbas» é que tem de assumir o compromisso assumido por Durão Barroso e Carlos Tavares. «A pousada é para construir, tenha os custos que tiver», reclamou o presidente da RTSE. E na primeira linha está o secretário de Estado do Turismo, que tem «que assumir a defesa dessa construção, porque é um pólo importante não só para a região, mas para o país», realça. Avisa, por isso, que se as novas pousadas do grupo Pestana forem todas construídas junto ao mar «teremos uma polémica muito forte neste país e muitas denúncias». «Não pensem que isto é uma ameaça. São frases minhas de empenho na continuação desta luta», elucidou Jorge Patrão. Orçado em 10 milhões de euros, o projecto de recuperação do antigo sanatório, da responsabilidade do arquitecto Souto Moura, contempla 56 quartos, 35 dos quais são duplos, cinco quartos familiares, 16 suites, uma suite presidencial no último piso e um “health club”.

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