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Reconversão do Parque Industrial da Guarda continua “na gaveta”

Câmara abdicou de candidatura, no âmbito da Comurbeiras, em detrimento da requalificação de várias estradas no concelho

Ainda não é desta que o projecto de requalificação do Parque Industrial da Guarda, que resultava duma parceria da Câmara com o Nerga anunciada em Agosto de 2008, vai ser uma realidade. A autarquia explica que desistiu da candidatura, efectuada no âmbito da Comurbeiras, no valor de cerca de um milhão de euros em detrimento da requalificação de várias estradas no concelho e de alguns bairros da cidade. Esta é uma decisão que está longe de agradar ao presidente da Associação Empresarial da Região da Guarda, que exige explicações ao município.

No final da última reunião de Câmara, realizada na segunda-feira, o vice-presidente da edilidade reconheceu que o projecto de requalificação do Parque Industrial «estava na contratualização com a Comurbeiras, mas houve a necessidade de uma nova reprogramação dessa contratualização e a Câmara optou, por exemplo, pela requalificação da EN 16 e de alguns bairros da cidade», como os de Nossa Senhora de Fátima ou de São domingos. Virgílio Bento esclareceu também que na requalificação da EN 16 «a Câmara conseguiu obter 1,5 milhões de apoios de uma obra que custou 2,5 milhões» e que «a primeira prioridade foi dada a empreitadas que estavam executadas e que não tinham sido financiadas». «Só podíamos candidatar obra com intenção de adjudicação, o que não é o caso do Parque Industrial», sustentou, indicando que esta intervenção ficará para «uma segunda fase» e que «neste momento não há qualquer candidatura».

Perante esta posição da autarquia, o presidente do Nerga garante ter ficado «perplexo», embora refira não se «admirar que tenham dito que as obras do parque industrial não são prioridade». Pedro Tavares considera que «o poder local nunca demonstrou grande interesse pelas empresas da cidade e por isso é que temos um parque tão degradado. Mais uma vez provam que, para eles, o emprego das pessoas fica sempre para segundo plano», critica. «Não sei por que é que a decisão camarária é fazer outras obras quando o parque industrial está no centro da cidade e é uma autêntica vergonha», reforça, defendendo que o parque «está completamente cheio de pessoas», além de ser visitado por «muita gente, quer a nível local, quer a nível de visitas externas». O empresário afirma ter informações segundo as quais a Câmara teria candidatado o projecto, feito pelo Nerga, «à requalificação urbana»: «Foi-me dito pelo próprio presidente, e não só a mim, que esse projecto tinha sido feito, já estava aprovado e que só estavam à espera de financiamento da própria Câmara para que arrancasse», revela.

Deste modo, considera que a Câmara «deve elucidar» o Nerga, os empresários e os trabalhadores «do que se está a passar» e o «porquê do projecto não arrancar». Sublinha, por outro lado, que a autarquia sabia que o Nerga tinha «um segundo projecto que ia elencar neste que se chama “Green Park” e que está candidatado ao PROVERE», sendo que «se a requalificação não avançar, este segundo projecto também vai por água abaixo», avisa. Assim, «perdemos duas oportunidades de transformar aquele parque num espaço minimamente digno, porque é a vergonha da nossa cidade. Quem vem de fora fica com a ideia da Guarda ser uma aldeia», refere. O presidente do Nerga sustenta que o Parque Industrial é «a sala de visitas da cidade para muita gente, pois é o primeiro sítio onde muitos vendedores e homens de negócios entram quando vêm à Guarda. Eu mesmo tenho vergonha de ser da Guarda quando vem alguém de fora visitar o Nerga» e se depara com «um parque onde não se consegue sequer transitar bem, onde não há lugares de estacionamento e que apresenta uma imagem de degradação total».

Perante a recente venda de um lote de terreno no Parque Industrial por valores que terão rondado os 285 mil euros», Jorge Leão, vice-presidente do Nerga, defende que «neste momento deixa de haver desculpa financeira para não se avançar com a obra do parque industrial porque se foi vendida uma parcela do parque o dinheiro pode reverter para o próprio parque, uma vez que o montante serve para cobrir a parte da Câmara que seria necessária».

Ricardo Cordeiro Presidente do Nerga considera que o parque industrial «é uma autêntica vergonha»

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