Esta noite, um grupo de reclusos do Estabelecimento Prisional da Guarda vai estar de “serviço” no pequeno auditório do Teatro Municipal da Guarda (TMG). É o novo desafio do projecto “Inside Out” e resultou na peça “A História do Soldado”, de Charles Ferdinand Ramuz. O espectáculo integra o Acto Seguinte – Festival de Teatro da Guarda.
Entre Julho e Setembro, o encenador Fernando Carmino Marques orientou este grupo por uma dramaturgia simples. Feliz por regressar a casa, e depois de muito caminhar, o soldado João Broa adormece na margem de um riacho. Quando acorda encontra a seu lado um caçador de borboletas que lhe propõe trocar a sua tosca rabeca por um livro cuja leitura lhe permitirá obter dinheiro, mulheres e poder. Mas não há livro sem senão nem leitura sem condição. A história é inspirada numa lenda russa e remete para um tema recorrente da cultura ocidental: vender a alma ao diabo por riquezas que jamais se possuirão. Escrita em 1918, a peça resulta do encontro entre dois grandes criadores do século XX: o escritor suíço Charles Ferdinand Ramuz e o compositor russo Igor Stravinsky. A adaptação para português foi feita por Mário Cesariny.
O Festival de Teatro da Guarda continua na quarta-feira com “História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar”, de Luís Sepúlveda, pela companhia Teatro Art’Imagem. Em duas sessões (14h30 e 21h30), a peça conta a história de uma gaivota vítima de uma maré negra que confia o seu ovo a um gato chamado Zorbas, pedindo-lhe que cumpra três promessas: não comer o ovo, cuidar dele até nascer a gaivotinha, e, por fim, ensiná-la a voar. Pedro Tamen traduziu a peça para português. Já a encenação é de Pedro Carvalho e Valdemar Santos e a interpretação de Anabela Nóbrega, Flávio Hamilton, Pedro Carvalho e Valdemar Santos.