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Rali Cidade da Guarda em risco

Aumento das taxas cobradas pela Federação de Automobilismo ameaça continuidade da prova que, no último fim-de-semana, trouxe mais de 50 “máquinas” à cidade

Apesar do sucesso alcançado na terceira edição realizada no último fim-de-semana, a continuidade do Rali Cidade da Guarda não é uma certeza. Tudo por causa dos valores das novas taxas introduzidas pela Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting (FPAK) para este tipo de competição. No campo desportivo, a prova, que juntou mais de 50 carros das classes Sport e Turística, foi ganha pela dupla espanhola Carlos e Marcos Kremers, num Porsche 914/6.

O aumento das taxas, conhecido recentemente, é de «50 por cento em relação à edição deste ano», o que condiciona a continuidade do rali nos actuais moldes, refere Ricardo Campos, presidente do Clube Automóvel da Guarda (CAG), sem querer revelar os valores envolvidos: «Esta subida foi tão grande que estamos seriamente a repensar a nossa actividade, porque isto está a atingir níveis incomportáveis», critica o também director-adjunto da prova. Nesse sentido, a organização debate-se com «inúmeras dificuldades» para 2008, daí que o próximo rali pode «estar em risco», numa altura em que «as coisas estavam bem encaminhadas», com mais de 50 participantes, realça. Perante esta contrariedade adicional, «que nos vai complicar imenso a vida para 2008», o dirigente realça que o assunto terá agora que ser estudado dentro do clube, cujos responsáveis vão reunir e «tentar dar a volta ao problema», disse, sem adiantar mais pormenores sobre a solução a adoptar. De resto, Ricardo Campos não concorda com as novas taxas exigidas pela FPAK, que são um «entrave vindo muito de cima», aponta, considerando não esta «a maneira de proteger e de fomentar o desporto automóvel em Portugal».

Bem pelo contrário, garante que as taxas cobradas este ano «já foram muito caras», pois organizar uma prova como o Rali da Guarda no calendário nacional já requer dinheiro «em exagero». Por isso, este aumento representa um revés para a organização que está a colher frutos da «grande aposta» nos concorrentes espanhóis. A tal ponto que esteve inclusivamente na origem da criação da “Challenge Ibérica de Regularidade”, em que a única prova portuguesa é o Rali Cidade da Guarda. Recorde-se que, em 2005, o fim do patrocínio da Segafredo Zanetti também acabou com o Rali TT homónimo, que trazia anualmente até ao distrito os melhores pilotos do Nacional de Todo-o-Terreno, numa etapa igualmente organizada pelo CAG. Em relação ao Rali Cidade da Guarda deste ano, que teve uma etapa nocturna e levou os participantes até Seia pela Serra da Estrela, o presidente do CAG faz um balanço positivo: «A prova correu bastante bem em termos organizativos e na estrada. Penso que a aposta e o investimento feitos pelo clube tiveram um bom retorno quer a nível desportivo, quer para os próprios patrocinadores e para o público em geral, que teve a oportunidade de ver máquinas com uma determinada idade, mas que mantêm um rigor e uma performance a todos os títulos assinalável», sublinha. O rali foi ganho pela dupla espanhola Carlos e Marcos Kremers (Porsche 914/6). Completaram o pódio os portugueses João Mexia Leitão/Nuno Machado (Porsche 911 2.7) e Camilo Figueiredo/António Caldeira (Ford Escort RS 2000).

Ricardo Cordeiro

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