Arquivo

Radão elevado não preocupa na Guarda

Especialistas consideram que os resultados do estudo realizado no final do ano passado não são surpreendentes

Apesar dos resultados preliminares do estudo realizado entre 14 de Novembro de 2009 e 16 de Janeiro deste ano, revelarem que 66 por cento das habitações da Guarda apresentam níveis médios de radão acima do valor máximo legalmente recomendado, os responsáveis pelo projecto asseguram que não há razões para alarmismos.

Os resultados foram divulgados no último fim-de-semana durante as Jornadas do Radão que decorreram na Guarda. Concluiu-se que das 184 casas analisadas na cidade e em aldeias periféricas, há apenas 63, o que corresponde a 34 por cento, que apresentam um nível de radão de até 400 becquerel por metro cúbico. Em oposição, há 55 habitações (30 por cento) que têm entre 400 a mil becquerel por metro cúbico, sendo que as restantes 66 (36 por cento) ostentam mais de mil. São números que aparentemente poderiam causar preocupação, mas para Alina Louro, coordenadora do projecto “SOS Radão Guarda” , os resultados «estão de acordo com o que prevíamos» e «não tivemos qualquer tipo de surpresa». «Não temos motivos para alarmismo louco. Temos pontos que podem merecer uma atenção especial. Há casas que têm concentrações residuais e outras que têm mais de 400. Sabíamos que a maioria das casas deveria ter mais de 400 porque as características geológicas da zona da Guarda levariam a essas concentrações», reconhece. De resto, a também docente na Escola Secundária Afonso de Albuquerque considera que os resultados são «interessantes», permitindo que a investigação possa continuar no futuro. A investigadora garante que não há resultados «alarmantes» e «todos os casos que merecerão mais alguma atenção estão terrivelmente espalhados», daí assegurar que «não temos regiões preocupantes».

Relatório apresentado à Câmara da Guarda

Aliás, existem diversos factores a influenciar a quantidade de radão, tal como «taxas de ventilação, a própria tipologia de habitação, o modo como a casa foi implementada», assim como «a água que abastece a habitação e o material de construção predominante». Alina Louro adianta que «já foi apresentado um relatório de todo o trabalho à Câmara da Guarda com propostas científicas», sendo que o objectivo é «analisar caso a caso». Do mesmo modo, a autarquia «tem forma de ajudar qualquer cidadão desta cidade, a partir da Protecção Civil Municipal» que depois encaminhará o processo para o grupo de trabalho. A professora adverte que é preciso «olhar para os resultados com sensatez. Não ficar alarmado, mas também não deixar para os outros um problema que também é nosso. Sabíamos que não tínhamos um cenário favorável, mas também não é o cenário que estava pintado com investigações pontuais feitas com aparelhos instantâneos. Calma, cuidado com as leituras instantâneas e a generalização», aconselha.

Quanto a Luís Peralta, coordenador do projecto, de âmbito nacional, “Riscos para a saúde humana da exposição ambiental ao radão” asseverou que «as pessoas podem continuar a viver tranquilamente na Guarda», havendo uma questão que «ultrapassa» esta região que passa por «tomar ou não medidas de mitigação» a nível nacional. Neste sentido, o especialista sustenta que «a legislação nacional devia de ir um pouco mais além e em muitos casos ser recomendado o controlo do gás radão e, caso seja necessário, tomar as medidas adequadas». Na Guarda, concluiu-se que a variabilidade «é muito grande», daí que não se possa «tomar o resultado de uma habitação como sendo representativa sequer de uma área». O professor garante que «não há razão para as populações entrarem em pânico, nem sequer são um caso isolado a nível nacional», advertindo que «este é um estudo piloto» que deverá prosseguir, caso consiga financiamento. «Vamos ter que continuar a pedir gentilmente a colaboração das pessoas para, por exemplo, podermos fazer recolhas de sangue e a partir daí caracterizarmos e identificarmos potenciais indicadores genéticos que indiquem uma propensão para a contracção de cancro», exemplificou. Algumas das medidas que podem mitigar os efeitos do radão passam pela «ventilação» ou «impermeabilização da zona onde está implantada a habitação», apontou.

Ricardo Cordeiro Luís Peralta assegura que «não há razão para as populações entrarem em pânico»

Radão elevado não preocupa na Guarda

Sobre o autor

Leave a Reply