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Radão

A Escola Secundária da Sé (Guarda) tem andado na baila estes dias. Tudo isto porque uma professora mediu com um contador Geiger, utilizado para fins didáticos e sem qualquer fiabilidade científica, a radiação num corredor da Escola da Sé. Um membro da Associação de Pais, mesmo depois de alertado para este facto por um professor do Departamento das Ciências, que estava presente numa reunião desta associação, resolveu fazer notícia num pasquim regional, alarmando a comunidade educativa e a comunidade em geral. Uma pura imbecilidade.

Na Guarda hoje fala-se no radão da Escola da Sé… Como quem come feijões! Dizem-se as maiores barbaridades. Aqui deixo uma pequena anotação sobre o radão.

O que é o radão?

O radão é um gás radioactivo de origem natural, que se liberta da crusta terrestre. Provém da desintegração do urânio e rádio, presentes em proporções variáveis na maior parte das rochas e solos. No ar exterior as concentrações são, de um modo geral, baixas. O mesmo não acontece em espaços fechados (caves e edifícios) onde a acumulação do radão pode atingir concentrações elevadas.

Porque se mede?

O radão desintegra-se originando outros elementos, também radioactivos, que podem ser inalados e fixar-se nos brônquios, aumentando assim a probabilidade (risco) de lesões cancerígenas nas vias respiratórias. Quanto mais elevada for a exposição ao radão maior é o risco para a saúde. É, pois, de toda a conveniência conhecer as concentrações do radão no ar que respiramos e, quando necessário, devem ser tomadas medidas para as reduzir no interior dos edifícios.

Como se mede?

Colocando um detector passivo (uma película) durante dois a três meses numa das divisões da casa onde seja maior o tempo de permanência (quarto ou sala). As concentrações são expressas em Bq/m3 – 1 Bq (Becquerel) corresponde a uma desintegração nuclear por segundo.

A qualidade do ar no interior dos edifícios é hoje um problema de primeiro plano. Estudos realizados em vários países concluíram que o ar interior é, frequentemente, mais carregado de poluentes e substâncias tóxicas que a atmosfera exterior. Muitos poluentes presentes no ar interior são hoje vistos como uma séria ameaça para a saúde pública. Entre eles contam-se as partículas do fumo, amianto, vapores de solventes usados em colas e tintas, bactérias e fungos, gases tóxicos e o Radão. Este último é hoje considerado pela Organização Mundial de Saúde como um agente cancerígeno e talvez uma das maiores ameaças à saúde pública veiculadas pelo ar no interior dos edifícios. Uma Directiva da União Europeia recomendou já aos Estados Membros a adopção de concentrações máximas admissíveis de Radão no ar interior. Os materiais de construção podem influir muito nas concentrações de Radão no ar, bem como o projecto de construção dos edifícios.

Temos pois que começar por nos informar sobre o problema e procurar soluções para ele. E é o que o Departamento de Ciências da Escola Secundária da Sé e o órgão Executivo da escola estão a fazer. Técnicos de reconhecida competência estão a fazer as medições… E até ao preciso momento nada de anormal foi encontrado no local onde a professora fez as medições com o contador Geiger, usado para fins didáticos pelos docentes do Departamento das Ciências. A comunicação social empolou esta história quando podia talvez dedicar-se a outras coisas mais importantes de momento para os Guardenses… Como talvez perguntar aos deputados do PSD/PS qual a razão porque a fatia do PIDDAC para o distrito da Guarda baixou 17 por cento, quando o anterior já era miserável! Para quem tanto prometeu…

Leitor devidamente identificado, Guarda

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