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Questões adiadas

Crónica Política

O findar de um ano é sempre um momento propício para uma reflexão sobre a forma como defrontámos os desafios que se nos colocaram, tanto a nível pessoal como colectivo.

No plano político, e quanto à nossa região, penso que 2003 foi um ano em que, fundamentalmente, adiámos a resolução de muitas questões essenciais ao nosso futuro. Refiro-me concretamente ao Hospital, à Plataforma Logística, ao POLIS, à Escola Profissional, à recuperação do Centro Histórico, ao encerramento de empresas, e ao preocupante aumento do número de desempregados, entre outros.

Fundamentalmente, a Guarda, enquanto cidade e região, continuou a não saber criar condições que a tornem atractiva para a fixação de pessoas e de investimentos, tanto por incapacidade reivindicativa da sua classe política, veja-se o PIDDAC para 2004, como por falta de organização daqueles que localmente têm a responsabilidade de concertar estratégias que visem esse desenvolvimento.

Paralelamente verificou-se que alguns instrumentos que foram criados pelo Governo para minorar os efeitos negativos do encerramento de empresas e o despedimento de trabalhadores, como o PIBI-Plano de intervenção da Beira Interior, não têm produzido os efeitos desejados e rapidamente esgotam, de forma discutível, a suas parcas dotações financeiras.

Não obstante todo este “calvário”, é de justiça reconhecer que apesar de tudo alguns factos marcaram pela positiva o ano de 2003, como a abertura do troço da A-25 entre a Guarda e Vilar Formoso, a descida do IRC para as empresas do interior, as repetidas promessas de apoio governativo à Plataforma Logística, o novo Quartel dos Bombeiros da Guarda, e as iniciativas culturais da Câmara.

Perspectivando o ano de 2004, não o antevejo como um ano fácil, pois continuaremos a ter como pano de fundo a crise económica, cuja recuperação até à data tem sido só um acto de fé, acrescendo a ela todas as situações não resolvidas no ano anterior, e outras novas como a da Comunidade Urbana a que a Guarda irá pertencer.

A propósito desta última e sabendo que ela é constituída por vários municípios, valerá a pena saber como vamos neste novo contexto salvaguardar os nossos interesses, nomeadamente face aqueles projectos referidos no inicio, e de cuja concretização depende de forma decisiva o nosso futuro.

Igualmente importante é garantir que os novos equipamentos e infra-estruturas, a desenvolver neste contexto, bem como a respectiva localização, não sejam feitos ao arrepio dos interesses da Guarda e do seu esvaziamento, como se tem verificado de há anos a esta parte.

Finalmente, faço votos para que neste novo ano a discussão e a actividade política se desenvolva de forma alheia a interesses pessoais ou partidarismos excessivos que têm feito refém os nossos interesses colectivos e as legitimas expectativas num futuro mais promissor.

Por: Álvaro Estêvão

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