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«Queremos voltar a ser referência nas amendoeiras em flor»

Figueira de Castelo Rodrigo intitula-se “Rainha da Amendoeira em Flor”, um estatuto que o autarca Paulo Langrouva quer capitalizar a partir deste fim-de-semana e até 13 de março

P – As amendoeiras em flor estão de regresso, qual é a novidade deste ano em Figueira de Castelo Rodrigo, autodenominada “Rainha da Amendoeira em Flor”?

R – O nosso interesse e objetivo é conseguir dimensionar a feira das amendoeiras em flor para os tempos áureos de há quinze ou vinte anos, quando era de facto uma iniciativa marcante para o concelho de Figueira de Castelo Rodrigo em termos culturais e económicos. Queremos voltar a ser referência e este ano temos algumas novidades, vamos ter mais expositores, que estarão todos concentrados numa tenda montada no Largo Serpa Pinto. Penso que vamos atrair outro tipo de público que não conseguimos no ano passado, e estamos a apostar na promoção em Espanha, portanto estamos em condições de fazer uma iniciativa com alguma projeção.

P – Qual é o impacto económico das amendoeiras em flor no concelho?

R – Temos o envolvimento dos produtores locais e da restauração. Como criámos o prato típico do borrego da Marofa temos que ter o envolvimento da restauração nestes fins-de-semana, sendo essencial que tenham este prato típico. Se assim for, vai marcar pela diferença.

P – A aposta no mercado espanhol é esse o caminho?

R – Sim, juntamente com as nossas parcerias com as Juntas de Freguesia de Alvalade (Lisboa) e do Porto (Cedofeita, Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau, Vitória). São quem terá mais predisposição para nos visitar tendo em conta estas parcerias. Com a conjugação de esforço desses parceiros e dos alcaldes vizinhos do outro lado da fronteira temos condições para mobilizar visitantes para o concelho de Figueira nesta época do ano.

P – E as excursões, essa ainda é uma aposta, ou mudou-se o paradigma do visitante?

R – Continua a ser a nossa aposta. A visita em direção a Escalhão e Barca d’Alva, onde estão as paisagens mais deslumbrantes e fabulosas nesta altura do ano, possibilitam-nos ter aqui uma atração ímpar e única. Esperemos que o tempo nos ajude.

P – A autarquia anunciou recentemente a intenção de promover uma mega plantação de amendoeiras na Marofa. Como está esse projeto?

R – É um projeto com pernas para andar. O município vai adquirir 300 amendoeiras e plantá-las este ano numa primeira fase, até para termos a perceção se vão vingar porque é uma zona fria. Se as coisas correrem bem, para o ano teremos mais 300 amendoeiras e o objetivo é plantarmos o máximo porque a Serra da Marofa vai passar a ser uma porta de entrada do concelho. É um ex-libris que temos que valorizar e dinamizar.

P – A Diputación de Salamanca vai recuperar para fins turísticos o troço de ferrovia até Barca d’Alva. A Câmara de Figueira de Castelo Rodrigo vai aproveitar para fazer o mesmo do lado português?

R – Este projeto é uma parceria com Figueira de Castelo Rodrigo, portanto, não estamos alheados dessa intervenção. Encetamos conversações com a Diputación de Salamanca porque havia a possibilidade de fazer uma candidatura ao POCTEP, o anterior INTERREG, para se tentar a requalificação da linha de Barca d’Alva. Desde o primeiro minuto que achamos muito interessante avançar com essa melhoria e tentámos envolver o município de Vila Nova de Foz Côa, que se mostrou recetivo inicialmente e depois, por razões diversas, acabou por não participar. Para já, este projeto visa a limpeza da via e a reposição dos carris em falta nalguns pontos. É uma tarefa que ainda carece de autorização das Infraestruturas de Portugal, mas penso que será do seu interesse porque estamos a melhorar equipamento que é deles, que está abandonado, que deviam cuidar e que não tratam. A candidatura foi submetida, vamos ver se é aprovada.

P – Estamos a falar em ligar Barca d’Alva a La Fregeneda, em Espanha, é isso?

R – Sim. Do lado português chegará ao limite do nosso concelho, mas infelizmente não avançará até ao Pocinho, já em Vila Nova de Foz Côa. Do nosso lado são cerca de cinco quilómetros de linha onde, se for possível, esperamos pôr a circular um comboio turístico até Espanha.

P – Qual é a estratégia do concelho em termos turísticos para os próximos anos?

R – Para conseguir atrair mais pessoas para o concelho temos Barca d’Alva, a Aldeia Histórica de Castelo Rodrigo, a nossa gastronomia e o hotel do Colmeal, que fica numa aldeia que estava morta e que agora passa a ter vida. A nossa lógica de turismo não pode estar apenas confinada ao concelho de Figueira de Castelo Rodrigo, queremos conjugá-la com uma rede atrativa do potencial que temos em redor, nomeadamente o Museu do Côa e o Parque Arqueológico (Vila Nova de Foz Côa), a praça-forte de Almeida, a rede das Aldeias Históricas, Pinhel e, naturalmente, Espanha, pois conseguimos agora estabelecer maior ligação e interação com os nossos vizinhos. Notamos maior envolvimento com os espanhóis, que querem que participemos nas suas iniciativas e querem participar nas nossas. E isso é positivo porque o mercado espanhol é crucial para a dinamização de Figueira de Castelo Rodrigo.

P – E para aproveitar o cais fluvial de Barca d’Alva, no rio Douro?

R – A parceria com a Douro Azul está no bom caminho. Já conseguimos colocar os vinhos da Adega Cooperativa de Figueira para serem servidos e comercializados a bordo dos seus barcos. Neste momento estamos também a tentar colocar o borrego da Marofa nas ementas e depois queremos trazer cada vez mais turistas a visitar o concelho. Este ano vamos ter mais dois operadores a navegar no Douro, o que implica mais turistas que queremos trazer para a sede do concelho e a Aldeia Histórica de Castelo Rodrigo, passando pela igreja matriz e o museu etnográfico de Escalhão.

P – Em traços gerais, como é que o presidente da Câmara de Figueira de Castelo Rodrigo vê os próximos tempos deste concelho? Quais são as grandes opções?

R – O futuro do concelho passa por três componentes fundamentais. É um território de saúde, ou seja, os residentes têm acesso, com relativa facilidade e rapidez, a cuidados de saúde primários e a consultas de especialidade num prazo de sete a dez dias e gratuitamente. Segundo, é um território saudável por que temos qualidade de vida e bem-estar, pois quem se instalar no concelho terá todos os apoios e condições para se integrar e sentir bem em Figueira. Associado a isto tem que estar alguma dinâmica empresarial, de emprego. O município tem feito vários contactos que estão no bom caminho. Brevemente teremos novidades relativamente à fábrica de laticínios e, até final de março, vai abrir o centro de inspeções que vai criar mais postos de trabalho. E estamos em negociações com outros investidores interessados em Figueira de Castelo Rodrigo. Nestas regiões o investimento nestas regiões não surge de um dia para o outro, demora tempo. O regulamento específico para a zona industrial contempla isenções e/ou reduções de taxas para licenciamentos e de concessão de alvarás, apoios para a criação de postos de trabalho e técnico para a dinamização dos projetos.

P – Como está o processo dos Laticínios da Marofa?

R – As instalações pertencem à Caixa Geral de Depósitos e estamos em negociações com um investidor privado bastante interessado, mas que está pendente de alguns pormenores que vamos conseguir ultrapassar. É um investimento que será seguramente superior a um milhão de euros. Já o centro de inspeções vai fazer surgir outros negócios complementares de mecânica, eletrónica e de estofos. O que é interessante porque nos interessa que surjam atividades que não existam em Figueira.

P – E como está o ninho de empresas?

R – Precisa de uma nova dinâmica e estabelecemos duas parcerias com a UTAD e a UBI para tentar revitalizá-lo. Queremos vocacionar aquele espaço para determinadas áreas de negócio muito específicos e a UBI, como tem “know how” e alguma dinâmica em termos de pequenos negócios e do empreendedorismo jovem, vai ajudar-nos a desenvolver o ninho de empresas. Tivemos o azar de estar no período de transição entre dois quadros comunitários, o que condiciona os investimentos e o surgimento de novos projetos. Isto está a prejudicar-nos porque o financiamento destes pequenos negócios está também dependente da dinâmica do “Portugal 2020”. Este atraso é de lamentar porque penaliza bastante os pequenos municípios dos territórios de baixa densidade.

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