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«Queremos alargar a nossa acção ao apoio domiciliário»

Cara a Cara – Entrevista

P- O núcleo da Covilhã da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) inaugura amanhã uma nova sede no centro da cidade. A que se deve a saída da Boidobra?

R- Uma das actividades que este núcleo desenvolveu foi a abertura de um posto de socorros para pequenos tratamentos, pensos, injecções, etc. Era um serviço necessário na cidade porque, para além da Urgência no hospital, não havia este tipo de tratamentos programados. No entanto, nas actuais instalações da Boidobra, o posto tem tido uma procura bastante reduzida, talvez por as pessoas não terem conhecimento, os transportes não serem suficientes ou porque estão habituadas a ir ao hospital. É triste disponibilizar este serviço e não ser utilizado. Falámos com a Câmara, que entendeu valer a pena uma localização mais central, o que facilita a deslocação e o acesso a um maior número de utentes. Tratando-se de uma zona afastada do centro de saúde e do hospital, é provável que haja mais procura.

P – Para além do posto, que outros serviços prestam à população?

R – A CVP está a tentar implementar-se, a nível nacional, na área da solidariedade e apoio social aos mais carenciadas, essencialmente às pessoas idosas. Apesar da mudança na direcção nacional, penso que a ideia está virada para o apoio às pessoas com dependência, numa complementaridade de actuação com a saúde. Nesse sentido, este núcleo está a tentar implementar dois projectos: uma unidade de cuidados continuados e um serviço de telecuidados. Para além disso, temos estado a fazer acções de rastreio de fracturas de risco vasculares e aconselhamento das pessoas em todo o concelho. Temos tido muita adesão e penso que é um serviço de grande utilidade, que vamos continuar a manter. Mas pretendemos alargar a nossa acção a campos que ainda não foram explorados, como o apoio domiciliário.

P – Em que consistem o serviço de telecuidados e a unidade de cuidados continuados que pretendem implementar?

R – O serviço de telecuidados é uma área que estamos a estudar, mas é uma iniciativa em que temos tido dificuldade. Até agora, ainda não apareceu nenhum parceiro da área tecnológica com vontade ou disponibilidade para apresentar um projecto. É um serviço de apoio domiciliário onde se pode prestar apoio a pessoas que não precisem de cuidados de saúde, mas que têm a necessidade de ter alguém a olhar por um familiar idoso enquanto resolve alguns assuntos pessoais, ou até mesmo prestar um serviço de televigilância a alguns doentes.

P – E a unidade de cuidados continuados?

R – É um projecto para implementar nas instalações do antigo hospital da Covilhã, mas que ainda está em análise na direcção nacional da CVP.

P – Mas era um serviço útil na Covilhã?

R – Pensamos que sim. É uma zona intermédia de passagem entre o hospital e a casa. Ou para os casos em que não é necessário ir para o hospital, mas que precisam de cuidados de profissionais. Sinto que é uma necessidade no concelho, até porque não há nenhuma a funcionar. E faz sentido precisamente porque as pessoas estão a envelhecer e vamos precisar cada vez mais de soluções que emergem da comunidade para prestar apoio.

P – Têm tido dificuldade em arranjar enfermeiros e médicos? E quanto aos voluntários e sócios?

R – O posto funciona à base dos enfermeiros e temos tido sempre pessoas disponíveis para dar o seu contributo. Tem havido um movimento crescente de voluntários. Este ano foi possível criar e dinamizar um grupo de jovens voluntários, que já tem alguma dinamização e começa já a tornar a sua acção visível no terreno. Neste momento estão a preparar uma campanha muito interessante de sensibilização nas escolas. Tem havido um crescimento sustentável de sócios, o que nos permite suportar esse tipo de acções, para além do apoio da autarquia nas deslocações.

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