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Quercus protege narciso-de-trombeta

Micro-reserva foi vedada na zona de Prados para salvaguardar a maior população do país desta planta em perigo de extinção

A existência de uma assinalável população de narciso-de-trombeta, uma planta protegida e que está em perigo de extinção, levou o núcleo da Guarda da Quercus a vedar um terreno na zona de Prados, no concelho de Celorico da Beira, para evitar a colheita ilegal de bolbos.

«O narciso-de-trombeta está protegida por legislação nacional e comunitária, sendo que a colheita, o corte, o desenraizamento ou a destruição total/parcial está proibida», refere Bruno Almeida, segundo o qual a criação desta micro-reserva resulta de um acordo com o proprietário do terreno. O presidente do núcleo da Guarda da Quercus adianta que nos próximos dez anos a área não poderá ser cultivada, nem tratada com herbicidas ou pesticidas, mas terá que ser periodicamente limpa de herbáceas e arbustos. Esta planta, que floresce entre março e abril, distingue-se de outros narcisos por ser «de grande porte e possuir a parte externa da flor amarelo-pálida e a parte interna amarelo-dourado».

Encontra-se sobretudo no norte da Península Ibérica e, em Portugal, «conhecem-se menos de dez populações silvestres, concentradas no Alto Minho e no concelho de Montalegre (Trás-os-Montes). Fora desta zona apenas se conhece uma população na Serra da Estrela, a qual curiosamente é a maior», explica o responsável.

Bruno Almeida adianta que uma das causas para haver tão poucos locais com narciso-de-trombeta deve-se ao comércio de flores e bolbos desta planta. A rede de micro-reservas criada pela Quercus através do Fundo para a Conservação da Natureza consiste na gestão de áreas protegidas com menos de 20 hectares onde se concentram valores naturais relevantes ou mesmo espécies únicas. «Estes espaços estão ameaçados porque a sua própria existência é ainda ignorada, ou porque a gestão dos seus proprietários é obviamente direcionada apenas em termos da rentabilidade económica e ainda porque as entidades com poder de decisão não têm muitas vezes consciência da sua relevância para a conservação», afirma o dirigente.

Luis Martins A vedação foi montada no passado dia 20 de abril com a ajuda de alguns populares

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