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«Quem tem a chave do cofre é o ministro das Finanças»

Ministro da Agricultura promete pagar ajudas e apoios a tempo e horas, mas avisa que não o poderá fazer sem autorização de Teixeira dos Santos

O ministro da Agricultura ouviu, em Trancoso, pedidos para reforçar as verbas do PRODER e acelerar os pagamentos, mas António Serrano respondeu que «quem tem a chave do cofre é o ministro das Finanças». Tudo por causa da redução do défice orçamental.

Na passada quinta-feira, o governante inaugurou as novas instalações da Raia Histórica e presidiu à entrega de 12 contratos de financiamento do subprograma 3 do PRODER, destinados à dinamização de zonas rurais da região Centro. O investimento é superior a um milhão de euros e permitirá criar 23 novos postos de trabalho em projectos destinados à diversificação de actividades na exploração agrícola, à criação de microempresas e ao desenvolvimento de actividades turísticas e de lazer. O presidente da Assembleia Geral da Raia Histórica foi o primeiro a lembrar que todos os parceiros neste programa devem «assumir os seus compromissos, nomeadamente em termos de pagamentos». Tanto mais que o também autarca Júlio Sarmento recordou «o desempenho meritório» da Associação de Desenvolvimento do Nordeste da Beira nos programas dos últimos quadros comunitários.

Na resposta, António Serrano admitiu que «as dificuldades iniciais do PRODER foram vencidas» no ano passado, pois «descomplicámos o programa» em termos de candidaturas e pagamentos. Segundo anunciou, em 2010 foram pagos 580 milhões de euros e a «ambição» para este ano é uma taxa de execução de 42 por cento. «O Ministério da Agricultura vai pagar tudo o que tiver que pagar, mas não podemos fazer nada sem autorização das Finanças», avisou. O governante constatou depois que neste programa de desenvolvimento rural «ainda há poucos projectos ligados ao desenvolvimento agrícola e de recuperação de produção», considerando esta área estratégica no contexto do aumento generalizado dos produtos. «Numa altura de crise, a melhor coisa que podemos fazer é apoiar o pequeno agricultor no escoamento daquilo que produzimos», disse.

Para o ministro, chegou o momento dos consumidores privilegiarem «o que é produzido localmente, em vez de outros produtos cuja origem desconhecemos. Isso não é proteccionismo, é a estratégia certa para a nossa agricultura», acrescentou. E a solução poderá estar na criação e dinamização de mercados de proximidade, em colaboração com os municípios, para comercializar os produtos dos pequenos produtores locais. «Se garantirmos canais de escoamento, o produtor produz e com qualidade», considerou António Serrano, que, à saída da sessão, foi surpreendido com a oferta de vários produtos locais pelo presidente da Associação Distrital de Agricultores da Guarda (ADAG). António Machado levou batatas, maçãs, milho, vinho e azeite, como símbolos da «qualidade produzida na região, mas que não conseguimos vender porque vem tudo de Espanha», lamentou. Dirigindo-se ao governante, o dirigente vaticinou ainda que «se vier daqui a 10 anos não terá ninguém a trabalhar na agricultura no distrito da Guarda». No entanto, António Serrano aconselhou os agricultores a «organizarem-se» para escoarem os seus produtos.

Luis Martins António Machado, da ADAG, ofereceu produtos locais que não conseguiu escoar ao governante

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