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Quem manda na Saúde

Quem hoje “manda e desmanda” no Ministério da Saúde é sem dúvida alguma o ministro das Finanças.

Depois do anúncio em novembro de 2017, pelo ministro da Saúde, de que iriam transferir 900 milhões de euros para os hospitais do SNS até 31 de dezembro de 2017 e mais 500 milhões de euros no início deste ano, a verdade é que, até agora, o Governo transferiu apenas uma parcela desses montantes e o ministro das Finanças proibiu os hospitais do SNS de usarem os montantes transferidos, “cativando-os” sem qualquer outra justificação que não o seu próprio “brio” europeu.

O Serviço Nacional de Saúde está verdadeiramente a “ferro e fogo” e os profissionais da saúde traçaram por fim uma “linha vermelha” ao ministro da Saúde por estes dias, anunciando greves e outras formas de luta. Uma dívida brutal e pagamentos em atraso que não param de subir, centenas de médicos meses à espera de concurso para exercerem as suas especialidades, listas de espera a aumentar ou a serem habilmente apagadas, um investimento medíocre, hospitais a viver cada vez mais situações de caos.

Depois do anterior Governo ter reduzido a dívida do SNS em cerca de 2,4 mil milhões de euros, este Governo voltou a aumentá-la para níveis verdadeiramente insustentáveis. Com efeito, a dívida do SNS a fornecedores externos aumentou 37% nestes dois anos, ultrapassando os dois mil milhões de euros. Só os pagamentos em atraso dos hospitais quase duplicaram, subindo de 450 milhões de euros, em 2015, para 837 milhões, em dezembro de 2017.

E agora já não é só o PSD a afirmá-lo, pois, numa recente auditoria à conta consolidada do Ministério da Saúde, o Tribunal de Contas concluiu mesmo que a situação económico-financeira do Serviço Nacional de Saúde é hoje «extraordinariamente débil».

E a dívida pública?

Segundo o Boletim Estatístico do Banco de Portugal divulgado, a dívida pública portuguesa, segundo os critérios de Maastricht, registou no final de 2017 um máximo de 242,6 mil milhões de euros, prosseguindo a trajetória de subida. E em concreto em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) caiu para 126,2%, a estimativa prevista pelo Governo. O que aparentemente até seria uma boa notícia, caso a descida do rácio se devesse à efetiva redução da dívida pública, e não à subida do PIB. Pois, verifica-se que, em termos nominais, a dívida pública até aumentou face a 2016.

Também de acordo com os dados publicados pelo Banco de Portugal, a dívida externa portuguesa diminuiu para 92,9% do PIB em 2017, mas em termos nominais subiu para 178,6 mil milhões de euros, mais 3,3 mil milhões do que o verificado no final de 2016.

Assim, o recuo do peso do endividamento face ao exterior verificou-se apenas por causa do crescimento da economia já que, em termos nominais, a dívida subiu. Tendo sido o crescimento da economia a compensar o efeito. Haverá ainda dúvidas sobre o caminho que escolhemos prosseguir?

Por: Ângela Guerra

* Deputada do PSD na Assembleia da República eleita pelo círculo da Guarda e presidente da Assembleia Municipal de Pinhel

Comentários dos nossos leitores
Mike mikealfa@hotmail.com
Comentário:
Toda a gente sabe que na saúde manda a indústria farmacêutica, que teve o seu expoente no Governo do Passos. Um medicamento que em França custa 3 euros, o hospital facturou-me 107 euros. A saúde é um buraco sem fundo ao sabor dos grandes interesses.
 

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