Arquivo

Quem ganhou?

Eleições, podem também servir para referendar ou rejeitar “formas de estar” na política. Os eleitores deixaram, felizmente, de ser cidadãos com direitos e assumem-se hoje cada vez mais como cidadãos com exigências. E não se julgue que esta evolução se aplica apenas ao eleitor urbano – o rural dá-nos provas de um saber e de uma capacidade de discernimento e opção que a alguns deve espantar.

Os agentes políticos que não percebam ou esqueçam esta realidade sujeitam-se a definir estratégias, trilhar caminhos e ter comportamentos que os levam à derrota. Arrastam muitas vezes, eles e os inevitáveis grupos de seguidores (não confundir com apoiantes), para o descrédito instituições essenciais à Democracia, como os partidos políticos. Estes precisam de reganhar credibilidade mas, apesar de tudo, têm encontrado em si forças de auto-regeneração (às vezes com lentidão demasiada).Regeneração de processos, objectivos e até lideranças. Mais uma vez será inevitável.

Em eleições autárquicas, a credibilidade das lideranças, propostas e respectivas equipas são o que fazem a diferença.

Quem ganha tem assim que saber gerir a vitória, assumir os compromissos, dar corpo às razões profundas da vantagem ganha nas urnas, com responsabilidade, mas essencialmente com humildade.

Quem perde deve saber interpretar os sinais, e não querer perpetuar atitudes e formas de estar na política que, de forma pouco humilde e muitas vezes sem responsabilidade, apresentaram aos cidadãos exigentes. Caso assim não procedam, transformar-se-ão em vítimas de si mesmos.

Tenho esperança que vencedores e vencidos sejam capazes de dar Futuro à Guarda, concretizando de mãos dadas as diversas respostas apresentadas aos anseios e problemas que ainda afectam negativamente o nosso bem estar colectivo.

Porque acredito no futuro, espero que uns e outros assumam comportamentos e convivências mais sãs, geradoras de maiores contributos de exigência no plano das obrigações que voluntariamente quiseram assumir junto dos guardenses.

Assim todos ganharemos.

P.S.: «Foi uma grande vitória do PS». Terá sido? Por mim, teria preferido que tivesse sido uma grande vitória da Guarda.

Por: Crespo de Carvalho *

* actual vereador independente na Câmara da Guarda eleito pelo PSD

Sobre o autor

Leave a Reply