Dentro de meses vai ser possível comprar queijo da serra, produzido em Celorico da Beira, através de um clique num portal on-line destinado a divulgar os 120 produtores existentes no concelho e as suas explorações. O projecto está a ser desenvolvido pelo Solar do Queijo e pretende abrir uma linha directa com potenciais consumidores no país e no mundo. «Queremos aumentar a comercialização deste produto tradicional e contribuir para fazer regressar a confiança dos produtores», adianta António Silva, vereador e responsável pela EMCEL – Empresa Municipal de Celorico da Beira.
O portal vai divulgar as explorações com base numa tecnologia de geo-referência, suportada no “Google Earth”, e apresentará também dados como a quantidade de animais, os produtos que comercializam e os contactos. Quanto às entregas, a empresa municipal está a negociar com transitários certificados para que o queijo chegue, em 24 horas, a qualquer ponto do país e da Europa «com qualidade e garantia de frescura». Entretanto, está a ser preparada a divulgação do portal junto de 2.300 comunidades de portugueses espalhadas pelo mundo. «Se 10 por cento aderir ao projecto será o suficiente para ganharmos quota de mercado e gerar mais-valias interessantes par os produtores», augura António Silva. A iniciativa foi divulgada no último sábado, à margem de um encontro/balanço sobre a participação da empresa municipal na “Alimentaria – Exposição de bebidas e alimentos”, realizada na cidade do México no início de Junho.
Segundo José Monteiro, presidente do município, dessa participação resultaram vários contactos com empresas mexicanas e espanholas e alguns compromissos com os parceiros portugueses que estiveram no México. Por exemplo, a União das Adegas Cooperativas do Dão (UDACA) está disposta a estabelecer uma parceria para promover o queijo celoricense. «É um casamento perfeito com o vinho do Dão, valorizam-se mutuamente numa prova de degustação», garantiu Agostinho Marques, director-geral da UDACA, considerando que ambos os produtos terão muito a ganhar juntos. Já Fernando Teixeira, da Grande Porto, empresa que comercializa produtos alimentares, confeitaria fina e vinhos, anunciou que vai «testar» o queijo da serra na Casa dos Frescos, em Luanda (Angola). Até lá, João Rodrigues, do Instituto das Empresas para os Mercados Externos (ICEP), revelou que a iguaria vai ser servida, na próxima semana, num almoço com 150 “gourmets” de toda a América Latina. Para os responsáveis celoricenses, toda a ajuda é bem vinda.
«Trata-se de um produto nobre, mas não está suficientemente valorizado internacionalmente», afirmou António Silva, revelando que o queijo da serra está a ser vendido a 120/150 euros o quilo em São Paulo (Brasil). «Temos que “picar” essa procura», admitiu, embora confesse que a produção local (cerca de 400 toneladas por ano) é insuficiente para entrar no mercado internacional. «Temos que apostar na designação “gourmet” e chegar aos consumidores com maior poder de compra», acrescentou, sublinhando que nesta estratégia vale o “salve-se quem puder” e não a comercialização conjunta com outros municípios. «Respeitamos os acordos existentes, mas temos que tratar da nossa vida porque essas iniciativas estão paradas», disse. António Silva revelou ainda que o Solar do Queijo vendeu, em ano e meio, mais de 10,5 toneladas de queijo, «quando nos mandatos anteriores não tinha produto para vender».
Miradouros e simuladores virtuais para atrair turistas
Sentir as sensações de um voo de parapente a poucos metros do chão vai ser possível, no final de 2008, graças a um simulador que a autarquia quer instalar numa das torres do castelo de Linhares da Beira.
Este é um dos projectos em curso para potenciar o turismo desportivo e cultural no município, num conjunto de iniciativas orçadas em cerca de seis milhões de euros. «O nosso objectivo é cativar o chamado turismo excursionista, oferecendo a quem nos visita argumentos para ficar mais tempo e atrair outros», adianta António Silva. Na Aldeia Histórica, cujo castelo está recuperado, a autarquia vai ainda disponibilizar um miradouro virtual, com tecnologia da empresa Y Dreams, através do qual será possível recriar, recorrendo a apresentações de texto, fotografias, filmes e simulações dinâmicas, cenas históricas em contexto e tempo real. «Será o miradouro mais evoluído que existe neste momento em Portugal», anuncia o vereador. Haverá também um centro de interpretação e o tal simulador de parapente. «Promete ser uma grande atracção na “capital do parapente”, pois o equipamento estará suspenso sobre imagens reais da zona, via satélite, e terá sensores de vento e correntes térmicas”, explica. O projecto custa cerca de 180 mil euros.
Mas a iniciativa mais arrojada está destinada para a Torre de Menagem do castelo de Celorico da Beira. Ali surgirão um centro de interpretação e espaços ligados às novas tecnologias, nomeadamente um cibercentro e uma sala dedicada a “livros mágicos”: «Esta tecnologia permitirá ao visitante folhear histórias e informações digitalizadas sobre o concelho, mas também ver imagens e pequenos filmes», revela. E, no topo, o turista conseguirá ver, através de outro miradouro virtual, as torres dos castelos de Linhares, Trancoso, Guarda e Pinhel. Actualmente, decorre a limpeza do recinto e a instalação de iluminação das muralhas. Em curso estão também a Casa do Mundo Rural (Prados) e o Museu do Vento, «o único da Europa», em colaboração com a Universidade do Minho e a Gamesa. «O estudo de arquitectura está concluído e vamos lançar o concurso para a sua construção», afirma António Silva.
Luis Martins