Arquivo

Quanto mais longe melhor

Visitas de Estudo

Todos os anos, desde o primeiro ao último dia de aulas, os alunos anseiam por duas coisas: férias e visitas de estudo.

O dia da visita de estudo é assim o mais esperado, não há aulas e ainda se pode sair da monotonia do quotidiano. No entanto, o que para os alunos é uma diversão, para os professores é, muitas vezes, um aborrecimento. Os alunos não tendem a ter um comportamento exemplar e os professores, muitas vezes, evitam – ou pelo menos tentam – não os levar para fora.

Apesar de tudo, o professor sabe que uma visita de estudo pode ser muito divertida e didáctica, dependendo do lugar que se visita e da forma como a visita é planeada, claro.

Perguntei a alguns alunos porque é que gostam tanto de ir a visitas de estudo. As respostas foram as mais variadas. «Para conhecer novas pessoas e claro, não ter aulas. Mas as visitas de estudo são óptimas para aprender de uma forma interessante, e não apenas dentro da sala de aula.» disse uma aluna do décimo ano e «fazemos algo diferente, fugimos da rotina e elevamos os nossos conhecimentos a um outro nível» disse um aluno.

Se alguns alunos querem ir a visitas de estudo pelas razões certas, ou seja, visitar, conhecer e travar conhecimentos com outras vivências, outros só as querem fazer para fugir à aula de Matemática ou de Inglês, por exemplo. E também por isso, o lugar a visitar conta muito para alguns – que preferem museus, galerias e lugares onde se posse aprender algo interessante – e para outros não conta nada. Como prova um aluno do básico a quem perguntei quais os sítios que mais gosta/gostaria de visitar. A resposta não foi uma surpresa e penso que muitos partilham a mesma opinião. «O sítio em si não me importa muito, quanto mais longe melhor, fora do país de preferência.» E perguntando qual a parte preferida da visita, seja ela qual for, obtive uma resposta que acho quase unânime «A melhor parte de toda a visita é a viagem de autocarro, principalmente a de volta, porque é de noite. No autocarro somos, de certa forma, menos controlados» disse um aluno. Posso dizer com toda a certeza que pelos alunos o número de visitas de estudo era duplicado, com mais horas de autocarro. E o sítio? «Quanto mais longe melhor».

A opinião dos professores também é muito importante, pois é graças a eles que aos alunos são proporcionados estes momentos de deleite, ansiosamente esperados durante todo ano. Na hora de planear as visitas, e devido ao mau comportamento dos alunos, os professores pensam duas e três vezes antes de decidirem qual o sítio e se a viagem vai sequer ser realizada. Perguntei a alguns professores se gostam ou não de levar os alunos em viagem: «Os alunos estão cada vez mais indisciplinados e a verdade é que por vezes não acatam as ordens do professor, o que faz com que hesitemos em organizar visitas de estudo.»

Este “medo” em relação às visitas de estudo provém de experiências anteriores, em que os alunos fogem pelas janelas do quarto ao meio da noite, ou simplesmente não sabem permanecer calados dentro de locais em que lhes é exigido silêncio. «Não me importo de levar alunos a visitas de estudo, depende das turmas e do comportamento, claro. Já presenciei situações horríveis em visitas de estudo.»

Por outro lado, nem todos os professores evitam as visitas de estudo. E todos eles gostam de as fazer quando o sítio é interessante, uns mais que outros. «Apesar de todas as peripécias que se vivem numa visita de estudo, o convívio com os alunos fora da sala de aula permite fortalecer a relação aluno-professor, o que é muito saudável» afirmou um docente.

Portanto, qualquer que seja o sitio, mais longe ou mais perto, o comportamento dos alunos e a vontade dos professores, as visitas de estudo continuarão a ser realizadas com frequência, pois por razões educativas, estas têm um papel relevante na aprendizagem do aluno, permitindo-lhe descobrir a pouco e pouco o seu país e o mundo.

Inês Duarte Tavares (10º E)

Sobre o autor

Leave a Reply