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«Quando se entra numa carreira tenta-se sempre chegar o mais alto possível»

Cara a Cara – Gonçalo Monteiro

P – É um grande salto sair do Sporting da Covilhã para integrar os quadros técnicos da formação do Sporting Clube de Portugal?

R – Sem dúvida que sim. Ir para qualquer grande seria sempre um grande salto e por isso este não é exceção. Embora seja Sporting à mesma, como costumo dizer na brincadeira, a dimensão é totalmente diferente.

P – Como surgiu este convite?

R – Eu já tinha algum contacto com o clube, porque fazia parte da área da prospeção, e houve um contacto com um diretor em que manifestei algum interesse em aderir a um projeto novo e aliciante, principalmente ligado a um clube grande. Posteriormente, houve uma abordagem na Covilhã Cup, um torneio que o Sporting da Covilhã organiza todos os anos. A partir daí eles pediram o meu currículo para analisar e depois contactaram-me para que fizesse parte dos quadros técnicos do SCP.

P – Ficou bastante satisfeito com esta oportunidade?

R – Claro que sim, porque, no fundo, é o reconhecimento de um trabalho e o alcançar de um objetivo, pois todo o jovem, quando entra numa carreira, tenta sempre chegar o mais alto possível. É um salto que me deixou bastante satisfeito.

P – Neste momento sente que ter optado tão cedo pela carreira de técnico foi uma aposta acertada?

R – Sim, mas fui quase forçado a optar pela carreira de treinador. Não é que pudesse ambicionar, se calhar, como jogador, ter chegado a algum lado, até porque não era nada de extraordinário, mas também devido a lesões num joelho fui quase obrigado a deixar de praticar. Tentei manter-me ligado ao desporto, e nomeadamente ao futebol, e então apareceu a possibilidade de integrar os infantis do Sporting da Covilhã. Agora posso dizer que foi uma aposta ganha.

P – Já sabe que cargo vai ocupar no Sporting?

R – Essa é uma questão importante que pode servir para esclarecer a situação porque têm saído várias coisas erradas na comunicação social, algumas delas não sei de onde vieram, pois não falaram comigo. O Sporting tem o projeto “Escolas/Academia Sporting” que tentou espalhar pelo país e onde quer agora implementar o futebol de onze, pois era só futebol de sete. A partir daí, tentaram encontrar técnicos com alguma experiência de futebol de onze e que se enquadrassem no perfil que pretendiam. Eu vou integrar esse projeto e trabalharei os escalões de infantis e iniciados em Lisboa, não na Academia de Alcochete.

P – Poderá levar algum jogador do Covilhã consigo?

R – Há jogadores com qualidade, mas não é fácil porque, não indo para a Academia, não basta só ter qualidade. É preciso também acautelar toda a outra logística que está por detrás, como onde ficar e estudar. Sei que este tipo de projetos não contempla essa situação, contemplaria se fosse diretamente para a Academia. Aí seria mais fácil uma situação dessas. Após um conhecimento mais aprofundado da realidade e dos jogadores do Sporting, pode haver alguma sugestão da minha parte de um ou outro jovem não só do Covilhã, mas do interior, porque tenho conhecimento de muitos.

P – Considera que o seu caso poderá ser um incentivo para quem treina equipas jovens no interior do país?

R – Espero bem que sim, até porque sei que há jovens que têm muito valor e que, se calhar, não estão a ser bem aproveitados. No entanto, espero que este meu exemplo sirva mais para os dirigentes das equipas do interior para que apostem mais nos técnicos da região. Se derem possibilidades aos jovens para demonstrarem o seu valor vão recolher muitos frutos.

P – Até onde ambiciona chegar enquanto treinador?

R – Como todo o jovem, ambiciono ser treinador profissional. Agora também tenho que me ir apercebendo aos poucos do que as minhas capacidades podem permitir alcançar e tentar depois conseguir o melhor possível.

«Quando se entra numa carreira tenta-se
        sempre chegar o mais alto possível»

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