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Quando dei por mim era o azedume

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Era a flor do cheiro zangado, a flor da reacção violenta, da pessoa amarga. Eu não gostava de pensar mal de alguém por me bronzear de inveja, por me vestir de amargura, não gostava de suspeitar do mérito, mas quando me dizem que o mérito da Antónia é ser Seraos e não tem curriculum… fico triste. Se me dizem que o trabalho de poucos rende reformas soberbas e o de muitos, lutando Sol a Sol é parco, tenho desgosto. E fico triste se entre a s reformas grandes vejo com frequência Seraos, Osorrab, Adiemla, famílias persistentes na boa sorte. Não nasci azedo. Nasci com o sorriso côncavo, com a gargalhada fácil, com o brilho nos olhos, mas presenciei esta sem vergonha de serem os mesmos que sempre tinham lugares bem remunerados, melhores resultados com menor esforço. Não falo dos meus alentos, falo daqueles que vi subirem o morro com tudo às costas, com trabalho infinito. Ficavam no caminho e eram cilindrados por outro Adiemla, outro Seraos. Gente que com facilidade chegava ao mando, chegava a deputado, a gestor, a líder, a comentador. Onde o dinheiro brota fácil há um Osorrab, um Seraos ou o irmão Adiemla Sotnas. São actores, são presidentes, são accionistas. Um poder que brota do poder e do seu exercício. Esta característica que levou à revolta dos Gregos contra os Papandreus e os Telonius e os Sócrates da crise financeira do seu país. A Grécia definha entre pontapés e tiros. A Grécia bordeja a guerra civil quando se fala em retirar regalias como 13º e 14º mês. Mas no mesmo país, os privilegiados continuam a ser Papandreus, Telonius e Sócrates. Por tudo isto o país arde em inveja e raiva. O nosso Portugal de Seraos e Sotnas banha-se de indiferença, afoga-se em descrédito e em jocosidade. Melhor, afoga-se em dívidas e em créditos que não sabemos quem vai pagar. Melhor, sabemos certinho quem “seremos” a pagar e ninguém se revolta. Vemos os lugares usurpados sem mérito. Quem escolheu Antónia para deputada em Coimbra? Quem deu a Rui a gestão na PT? Quem fez os convites para os cargos na Cruz Vermelha? Nas Águas de Portugal? na EDP? Quem decidiu perder milhões nos campos de Futebol? Quem permitiu afundar milhões nos BPP e BPN? Será que vivemos uma nova Monarquia? A denúncia dos casos e das envolvências e as teorias da conspiração e da rede Maçónica transportam ao povo este sentir de corno. O enganado! Depois sai o povo às cornadas quando lhe tirarem o dinheiro das férias.

Por: Diogo Cabrita

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