Poucos dias após o fecho da Delphi, a distrital do PSD da Guarda exigiu que o Governo recorra ao Fundo Europeu de Ajustamento à Globalização para ajuda financeira aos trabalhadores que ficaram sem emprego no final do ano. Álvaro Amaro relembra que este apoio comunitário foi concedido aos desempregados da Qimonda, em Vila do Conde, pelo que não pode haver «despedidos de primeira e de segunda».
Entretanto, um dia depois da conferência de imprensa promovida pelos sociais-democratas, o Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social emitiu um comunicado onde garante que «o IEFP tem vindo a acompanhar o processo da Delphi e já tinha decidido apresentar uma candidatura ao Fundo Europeu de Ajustamento à Globalização (FEG)». O mesmo documento, publicado terça-feira no site do ministério, esclarece que, «de acordo com as regras do FEG, só agora estão reunidas as condições necessárias para a submissão do projecto, uma vez que a candidatura deve identificar todos os trabalhadores desempregados na sequência do processo de encerramento». De acordo com o gabinete de Helena André, os ex-funcionários da fábrica da Guarda-Gare têm vindo «a ser acompanhados pelos serviços públicos de emprego, quer no sentido de assegurar a operacionalização das políticas passivas (acesso aos apoios no desemprego), quer das activas, nomeadamente acesso às políticas de emprego e formação profissional financiadas pelos apoios nacionais e comunitários, nomeadamente do Fundo Social Europeu».
Indica ainda que o FEG «é um instrumento comunitário para ser utilizado em circunstâncias extraordinárias e quando se reúnam um conjunto de critérios que penalizem fortemente o desemprego num sector ou numa empresa». Na véspera, o líder distrital do PSD tinha perguntado se «não será chegada a hora de se tomar igual medida para os trabalhadores da Delphi». Álvaro Amaro defendeu que «os despedimentos destas pessoas tiveram graves repercussões no emprego e na economia local, resultado que chega e sobra para que o Governo possa e deva recorrer a esse Fundo e consiga, por essa via, arranjar compensações monetárias que trabalhadores despedidos de outros países também conseguiram». Neste sentido, questionou se «há despedidos de primeira e de segunda».
O presidente da distrital criticou ainda o «silêncio ensurdecedor» por parte do «Governo, do PS e dos seus responsáveis distritais», perguntando novamente pelos resultados das reuniões «que fizeram há meses com o ministro da Economia» a propósito da situação da fábrica. Álvaro Amaro lembrou que os dois deputados do PSD na Assembleia da República apresentaram três medidas que poderiam ajudar a atenuar os efeitos do encerramento da Delphi e que ficaram sem resposta, pelo que deixou um “recado” aos deputados socialistas: «Não estarão longe os tempos em que teremos oportunidade de demonstrar que quando o PSD chegar ao poder não seremos uns seguidistas cegos, esquecendo os valores pelos quais pugnámos», assegurou.
Ricardo Cordeiro