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PS tira tapete a vice-presidente da Câmara da Guarda

Joaquim Valente retirou todos os pelouros a Virgílio Bento, invocando a perde confiança política. O candidato independente confessa-se surpreendido com a decisão e já regressou à Secundária Afonso de Albuquerque.

Virgílio Bento é desde segunda-feira vereador sem pelouros na Câmara da Guarda, mas continua a afirmar que não tinha que colocar o lugar à disposição. O até agora vice-presidente da autarquia, a quem Joaquim Valente retirou os pelouros e a confiança política, não escondeu também que a decisão o surpreendeu: «Teria sido uma medida natural se o presidente considerasse que não fui competente, leal ou solidário no exercício das minhas funções. A única razão foi ter-me desvinculado do PS», considerou anteontem em conferência de imprensa.

Na segunda-feira de manhã, após a pressão dos órgãos locais e nacionais do PS, a maioria socialista reuniu extraordinariamente para resolver o assunto e a solução estava à vista de todos. Como Virgílio Bento não o fez, nem tencionava fazer, foi o presidente quem retirou todos os pelouros ao vice-presidente, eleito há dois mandatos pelo PS. Joaquim Valente justificou depois ter sido «obrigado a rever a gestão da confiança política» do seu executivo após a oficialização da candidatura independente. «Na sequência da opção que o vereador Virgílio Bento quis tomar, assumindo uma clara discordância com o Partido Socialista, o presidente da Câmara da Guarda viu-se obrigado a proceder a uma redistribuição de funções de acordo com as competências que lhes estão afetas», lia-se num comunicado divulgado depois pela autarquia.

Com esta mudança, o edil passou a assumir a gestão dos pelouros da Promoção do Desenvolvimento – Fundos Comunitários; Cooperação Institucional – Autarquias – Apoio às Freguesias; Educação; Património, Cultura e Ciência, até agora da responsabilidade de Virgílio Bento. Por outro lado, Vítor Santos – apoiante declarado do agora candidato independente – foi promovido a vice-presidente da Câmara. O candidato reagiu no dia seguinte numa extensa declaração em que deixou patente a sua surpresa pelo sucedido. «O meu entendimento é o de que a missão que nos foi confiada pela população é de uma enorme responsabilidade e exigência, que não pode obedecer a nenhuma lógica partidária», sustentou, acrescentando que «não se deve confundir gestão autárquica com os interesses do partido». E prosseguiu dizendo que «há quem vá para as Câmaras Municipais como forma de ascensão política, outros procuram fazer o seu melhor pelo bem comum».

Depois, Virgílio Bento desabafou que «se alguém foi solidário com Joaquim Valente fui eu», antes de confirmar que deixou de ser vereador em regime de permanência, «pois não faria nenhum sentido manter-me a receber o vencimento de eleito sem quaisquer funções atribuídas», e que nessa terça-feira se apresentou na Secundária Afonso de Albuquerque, onde é professor de Filosofia. Aos jornalistas disse também que não vai ser «oposição» no executivo guardense, mantendo-se «leal com a equipa na qual fui eleito», mas deixou escapar outro desabafo quando disse ter desejado «muitas vezes que a rapidez agora demonstrada tivesse existido também na defesa de projetos para o interesse público» do concelho.

Luis Martins

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