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PS revoltado com Carlos Pinto

Autarca covilhanense acusou os socialistas de impedirem a entrega das 148 casas de habitação social por causa de Artur Meireles

Artur Meireles, líder da bancada parlamentar do PS e presidente da mesa da Assembleia Geral do Sport Tortosendo e Benfica (STB), solicitou ao presidente da Assembleia Municipal da Covilhã, Carlos Abreu, a realização de uma sessão extraordinária para debater apenas o problema dos 148 fogos de habitação social no Bairro do Cabeço, no Tortosendo, que junta em tribunal a Câmara da Covilhã, a Junta de Freguesia do Tortosendo (cujo presidente é Carlos Abreu) e o clube desportivo.

A decisão foi tomada após o autarca Carlos Pinto ter acusado na última Assembleia Municipal o PS e o STB de estarem a impedir a entrega das casas ao recusarem a comissão arbitral composta por um juiz aposentado, um elemento do clube e outro da Junta de Freguesia. Facto que levou o vereador socialista Miguel Nascimento a condenar a atitude do autarca, acusando-o de não ser «politicamente sério». «Atirar para o PS um problema que diz respeito à Junta de Freguesia e à associação desportiva é um absurdo», salienta, reafirmando que o PS da Covilhã «é a favor» da habitação social no concelho. «Não é por o líder do PS na AM ser em simultâneo presidente da assembleia-geral do clube que se pode dizer que o PS é contra a habitação social e que não quer entregar as chaves das casas», esclarece, considerando que tais declarações vão contra «os princípios de solidariedade» que o partido tem consagrado nos estatutos. Além dos reparos feitas a Carlos Pinto, Nascimento exigiu ainda ao PS da Covilhã uma «posição política forte e séria» para esclarecer a opinião pública sobre o assunto.

Partilhando as reivindicações de Nascimento, Vítor Pereira, presidente da concelhia socialista, desafia Carlos Pinto a requerer uma Assembleia Municipal extraordinária para debater o caso. Em comunicado enviado à comunicação social, Vítor Pereira condena as «manobras de intoxicação públicas» utilizadas por Pinto, que «persiste» em culpabilizar o PS pelo imbróglio quando a responsabilidade apenas se deve às «condutas ilegais» da Câmara e da Junta de Freguesia. E avisa Carlos Pinto que o PS «não recebe lições de quem se julga mais preocupado que nós com os mais desfavorecidos». Também Francisco Pimentel, advogado do clube, acusou Carlos Pinto de estar a «mentir» em relação à comissão arbitral. «Não corresponde à verdade que o STB tenha recusado qualquer proposta da Câmara», disse o advogado aos jornalistas em conferência de imprensa realizada na última semana. Para Pimentel, a atitude de Pinto é uma forma «clara» de tentar pressionar a justiça, acusando a Câmara e a Junta de, além de terem «violado» a propriedade do clube, terem construído as habitações sociais em terrenos proibidos à construção. Daí adiantar aos jornalistas que decorre no Tribunal Administrativo de Coimbra uma «intimação» à Somague – empresa construtora das casas – para «não ser autorizada a vender nenhuma das fracções».

Alçada Rosa, vice-presidente da Câmara, recusou-se a responder às «insinuações» do advogado e, em defesa de Pinto, garante que o STB «rejeitou» a proposta da comissão arbitral. «Sei o que se passou realmente e o clube não deu qualquer espécie de luz verde», sublinha. «O clube tem todo o direito de fazer as reivindicações que quiser», mas acusa a colectividade de não apresentar qualquer contraproposta para resolver o diferendo. «O que está em questão são 148 fogos que poderiam resolver o problema de casa de 148 famílias e o clube não faz qualquer contraproposta, utilizando 600 pessoas como reféns», denuncia, sublinhando que a Câmara «não quer aquilo para negócio nem para benefício, apenas para resolver o problema das pessoas», conclui.

Liliana Correia

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