Socialistas acreditam que não vão perder «bastião do PS», mas na convenção autárquica de domingo ouviram-se muitas vozes a alertar que desta vez será preciso «a mobilização e o apoio de todos para vencer».
Álvaro Amaro, Virgílio Bento e o atual Governo não estiveram na convenção autárquica do PS, realizada domingo, na Guarda, mas foram os alvos principais dos oradores. Neste encontro, a Federação apresentou os candidatos aos catorze municípios do distrito e José Albano Marques assumiu que a Guarda, «um bastião do PS», é a grande prioridade dos socialistas nas eleições de 29 de setembro.
Iniciada com mais de uma hora de atraso, a sessão decorreu no grande auditório do TMG – que demorou a encher – onde não foi preciso esperar muito para ouvir as primeiras críticas. O presidente da concelhia da Guarda encarregou-se da tarefa e apontou a Virgílio Bento, que acusou de «prostituição política para chegar ao poder» ao assumir uma candidatura independente. «O problema na política não está nos partidos, mas nalgumas pessoas, é isso que é preciso dizer aos eleitores», enfatizou Nuno Almeida, para quem Virgílio Bento e Manuel Rodrigues juntaram-se «em nome da sede de poder». O dirigente equiparou mesmo os dois, dizendo que «um não soube respeitar os estatutos do seu partido e outro o resultado de eleições internas que perdeu». Mais prosaico, Nuno Almeida disse estar convicto que o PS vai ganhar na Guarda, «tal como há 37 anos», mas acrescentou que desta vez será preciso «a mobilização e o apoio de todos para vencer».
Seguiu-se Joaquim Valente, atual presidente de Câmara e candidato à Assembleia Municipal da Guarda, que também afinou pelo mesmo tom, embora tenha prognosticado que «a lista da direita e os independentes não nos vão tirar votos». O edil deixou ainda um recado para as freguesias, avisando que «quem aceitar integrar as listas do PSD/CDS vai dar um contributo para o desgoverno desta maioria de direita incompetente». Por sua vez, Francisco Assis subiu à tribuna para declarar que o Governo «não soube enfrentar a crise, tomou medidas que a agravaram com diagnósticos errados e terapêuticas desastrosas». O dirigente nacional e ex-deputado pelo círculo da Guarda acrescentou que «o país já percebeu isso», pelo que nestas autárquicas joga-se «também uma causa nacional, de afirmação de uma alternativa ao atual Governo neo-liberal».
Veio depois Santinho Pacheco, que apresentou o manifesto de gestão autárquica dos socialistas cujos objetivos assentam na cidadania/qualidade de vida; no emprego e desenvolvimento económico e no fomento da agricultura. E Rui Soalheiro, coordenador nacional das autárquicas e presidente da Câmara de Melgaço, insistiu na «leitura nacional» dos resultados de 29 de setembro «dada a “overdose” de austeridade a que o país tem sido sujeito nestes dois anos». Contextualizado o momento político e traçados os objetivos, foi a vez de apresentar os candidatos. Mas o que não estava no guião era que Luís Monteiro se insurgisse contra a escolha do independente Joaquim Bonifácio em Aguiar da Beira. «É uma vergonha», clamou da plateia, depois de interromper o cabeça-de-lista para lhe perguntar «por que não leva a sigla do PS». Gerou-se alguma confusão, houve ameaças de «chamar o segurança» para retirar o contestatário da sala caso não se calasse e até José Albano Marques foi ter com ele o contestatário até que os ânimos serenaram.
Outro momento de nota foi protagonizado por Armando Almeida, que concorre em Gouveia. O candidato afirmou que «é preciso acabar com o mito do bom autarca», referindo-se a Álvaro Amaro, em cujos mandatos o concelho serrano «perdeu empresas, população e onde os únicos investimentos realizado ainda são do tempo do Governo PS». Por sua vez, José Igreja – que alguns camaradas ainda chamam de Igrejas – disse contar com o apoio de todos para vencer umas eleições em que vai enfrentar «mais um adversário que até 21 de dezembro era nosso camarada». Quanto a José Albano Marques lembrou a todos que «ninguém ganha eleições sem as Juntas de Freguesia» e assumiu como objetivo destas autárquicas «ter mais Câmaras do PS no distrito».
Os candidatos
Joaquim Bonifácio (Aguiar da Beira), Joaquim Fernandes (Almeida), José Monteiro (Celorico da Beira), Paulo Longrouva (Figueira de Castelo Rodrigo), António Manuel Fonseca (Fornos de Algodres), Armando Almeida (Gouveia), José Igreja (Guarda), Esmeraldo Carvalhinho (Manteigas), Anselmo Sousa (Mêda), Vital Tomé (Pinhel), António José Vaz (Sabugal), Filipe Camelo (Seia), Amílcar Salvador (Trancoso) e Fernando Girão (Vila Nova de Foz Côa).
Luis Martins
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