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Protesto pesado em Vilar Formoso

Camionistas reclamam melhores horários de trabalho e estradas mais seguras

O parque de camiões TIR de Vilar Formoso regressou à normalidade ao final da manhã da passada segunda-feira, após centenas de pesados se terem ali concentrado em protesto contra os horários de trabalho e por estradas mais seguras. A Jornada Europeia de Luta no Sector dos Transportes Rodoviários juntou na fronteira sindicatos portugueses e espanhóis, designadamente a Federação de Transportes Rodoviários e Urbanos (FESTRU) de Portugal e a Federação de Comunicações e Transportes de Espanha, União Geral de Trabalhadores (UGT) e Comissiones Obreras (CC.OO) de Espanha.

Muitos dos camionistas encontravam-se no local desde a noite e madrugada, mas, segundo referiram à Lusa os sindicalistas portugueses, decidiram não prosseguir viagem para Espanha com «receio de represálias, tendo em conta que as entidades patronais daquele país promovem hoje uma greve contra o aumento dos combustíveis». É que do lado espanhol também se verificaram congestionamentos na fronteira de Fuentes de Oñoro devido ao protesto de uma associação empresarial por causa da falta de apoio do Governo espanhol ao preço dos combustíveis. Durante a manhã realizaram-se paragens simbólicas de veículos junto da fronteira de pesados, sob vigilância da Guarda Civil espanhola, GNR e Brigada de Trânsito, mas não se registaram incidentes, tendo apenas sido distribuídos comunicados alusivos ao Dia Internacional de Luta no Sector de Transportes Rodoviários. Os camiões começaram a sair do parque TIR depois de uma conferência de imprensa conjunta das organizações sindicais envolvidas na jornada. Vítor Pereira, da Festru, disse que esta luta se justifica porque, no caso português «a situação é cada vez mais grave sobretudo com a criação de legislação que permite às empresas de transportes contratar motoristas a tempo parcial».

De resto, os sindicatos querem que as jornadas semanais sejam fixadas em 48 horas, ao contrário da situação actual onde os camionistas «trabalham 60 ou até 70 horas por semana». Uma situação que resulta alegadamente no «aumento da sinistralidade e causa grandes problemas de saúde para os condutores», explicou, referindo serem igualmente exigidas medidas de reforma antecipada. Quem se associou a este protesto foi o eurodeputado do PCP Pedro Guerreiro, que, em Vilar Formoso, exigiu uma «fiscalização efectiva pela Inspecção do Trabalho» sobre as empresas e a forma como é organizado o trabalho dos motoristas de transportes internacionais de mercadorias. O parlamentar considerou que «a segurança da circulação de viaturas e dos profissionais que as conduzem, bem como dos restantes cidadãos que circulam nas estradas, exige o fim dos tempos de trabalho alongados e sem respeito pelos períodos de descanso e uma fiscalização efectiva sobre estas questões». E reclamou por isso o «fim do bloqueamento da negociação da contratação colectiva» para o sector, a última das quais assinada em 1997. Pedro Guerreiro lamentou ainda que em Portugal os acidentes na estrada com os camionistas «não sejam tratados como acidentes de trabalho, o que leva à desresponsabilização das entidades patronais e à ausência de uma efectiva e eficaz acção inspectiva sobre as condições de trabalho».

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