Harold C. Urey foi um importante químico norte-americano que venceu do Prémio Nobel da Química de 1934 pelo seu trabalho do isolamento de isótopos pesados, pioneiro na sua classe. Desenvolveu a sua carreira nos Estados Unidos da América onde se formou, primeiro como zoólogo na Universidade de Montana e, depois da Primeira Guerra Mundial, na Universidade da Califórnia, onde se doutorou. Posteriormente estudou física com Bohr na Universidade de Copenhaga.
Os seus trabalhos centraram-se inicialmente no isolamento de isótopos pesados do hidrogénio, oxigénio, azoto, carbono e enxofre, trabalhos que lhe valeram o Primeiro Nobel pela obtenção do deutério (hidrogénio pesado) e pelo isolamento da água-pesada (óxido de deutério). Durante a Segunda Guerra Mundial dirigiu, na Universidade de Columbia, o grupo de investigação que trabalhou nos métodos para separar o isótopo de urânio U-235, do U-238, na produção de água pesada. Finalizadas estas investigações, desenvolveu uma grande atividade no grupo de cientistas atómicos que solicitavam o controlo internacional da energia atómica.
Além do Prémio Nobel, obteve em 1966 a medalha de ouro da Real Sociedade de Astronomia. Até aos últimos instantes da sua vida dedicou-se à investigação científica com tenacidade, chegando a publicar 105 artigos científicos nos seus últimos 23 anos. Pelos importantes contributos que deu à ciência, uma das crateras da superfície da Lua foi batizada com o seu nome. Ao asteroide 4716, descoberto a 30 de outubro de 1989, pelo astrónomo Schelte J.Bus, foi também atribuído o nome de Urey.
Um dos seus trabalhos mais significativos foi a demonstração experimental da Teoria de Oparin-Haldane, que teve uma influência decisiva em todos os cientistas que, a partir de 1930, se ocuparam da questão da origem da vida na Terra. EM 1953, Urey realizou no laboratório que dirigia uma experiência que demonstrou a hipótese de Oparin e Haldane, tendo criado para o efeito um aparelho para simular algumas das condições da Terra primitiva, uma vez que essa teoria referia que nas condições da Terra primitiva tinham ocorrido reações químicas a partir de compostos inorgânicos que originaram as primeiras formas de vida.
A experiência consistiu em submeter uma mistura de metano, amoníaco, hidrogénio e água a descargas elétricas de 60.000 volts. O resultado foi a formação de uma série de moléculas orgânicas entre as quais se destacaram o ácido acético, o ADP-glucose e os aminoácidos glicina, alanina, ácido glutâmico e ácido aspártico, todos eles elementos que as células utilizam na síntese de proteínas. As conclusões do trabalho de Urey foram posteriormente minimizadas porque se criticou que, se, por um lado, foi possível demonstrar que em condições primitivas de atmosfera se puderam formar os primeiros compostos orgânicos simples, não foi possível demonstrar como surgiram as primeiras células.
De qualquer forma, a experiência de Urey, a primeira demonstração de que era possível formar espontaneamente moléculas orgânicas a partir de substâncias inorgânicas simples nas condições ambientais adequadas, foi a chave para apoiar a teoria do caldo primitivo para a origem da vida. Por outro lado, deu origem à Exobiologia, que combina noções de astrofísica, biologia e geologia para estudar a origem da vida.
Por: António Costa