Embora não sendo um animal específico das terras altas, o camaleão tem por aqui algumas espécies, com características peculiares.
Segundo os dicionários, esse ser vivo regista certos fenómenos miméticos; ou seja, e vertendo insto numa linguagem mais corrente e percetível, desenvolvem determinados fenómenos de imitação, tomando a aparência do meio em que se encontram.
Afinal, é tudo uma questão de aparências, pois na realidade não perdem a sua estrutura biológica nem os traços específicos do seu comportamento, acabando por emergir na sua verdadeira essência.
É uma questão de vivência, ou sobrevivência, até porque, como diz a ancestral sabedoria popular, “viver não custa, o que custa é saber viver”.
Lamentavelmente não falta por aí quem – à sombra das aparências, camuflando a deficiente formação cívica, a mediocridade e a ausência de escrúpulos e princípios morais – não olhe a meios para atingir os fins, confirmando, em larga medida, um provérbio latino: “As águias não geram pombas”…
São exemplos pouco dignificantes dos nossos padrões culturais e, sobretudo, da reserva moral das gentes beirãs, onde determinados comportamentos desviantes não encontram, ainda, qualquer tipo de sinónimo; testemunhos pouco abonatórios da personalidade e da ética, seja a que nível for e em que circunstâncias.
Para esses exemplares da nossa sociedade é indiferente ser “fiel à palavra dada e à ideia tida”… Até porque, em termos de ideias, só a reciclagem de outras (basta exercitar um pouco a memória) afirma pretensas novidades.
Há que abandonar os referidos, anteriormente, fenómenos miméticos e dar lugar e valor a quem possa assumir protagonismos que se transformem em benefícios para o desenvolvimento cultural e social, não se confinando as suas intervenções e projetos a calendários conjunturais.
Por: Hélder Sequeira