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Prosperidade

Prosperidade I. “Nada é mais importante para a prosperidade de uma nação do que o intercâmbio do saber e da experiência entre as universidades, as salas de redacção, as administrações e o Parlamento”. Esta frase é de um senhor francês chamado Raymond Aron. Se há país onde isto se verifica com pouca frequência é Portugal. Funcionamos muito por grupos. Professores convivem com professores, artistas com artistas, médicos com médicos, empresários com empresários, jornalistas com jornalistas e por aí fora. Vivemos em guetos. Separados uns dos outros, muitas vezes por preconceitos e ignorância. Não ganhamos nada com isso e o país só sai a perder.

Prosperidade II. O Luís Baptista-Martis e o Gabriel Correia foram esta semana à minha escola (a ESEG) falar do papel dos media locais no desenvolvimento regional. Teoricamente, como ambos salientaram, esse papel é importante. Basicamente, uma comunicação social livre torna insustentável a manutenção de governos incompetentes e estimula oposições mais inteligentes. Isto, claro, se fizer investigação e se denunciar incumprimentos de promessas, ilegalidades, abusos de poder, incompetências, etc.

Os chamados media nacionais ou não querem saber de nós para nada ou só se interessam pelas nossas “anormalidades”. Por isso, fora de Lisboa, o papel dos media locais é ainda mais importante. Se não, quem é que vai controlar e denunciar os esquemas de alguns autarcas? Quem é que vai penetrar nas opacas ligações entre as autarquias e os clubes de futebol? Convém não esquecer que, como diz Maria José Morgado, a corrupção encontra aqui um terreno muito fértil.

Prosperidade III. Quando o Sporting da Covilhã subiu à 2.ª divisão de honra, o João Canavilhas, como bom covilhanense, exultou. Era uma prova do dinamismo empresarial da Covilhã, concluía o João. Há de facto estudos que mostram uma correlação entre o desenvolvimento económico e as perfomances dos clubes de futebol. Mas, agora que o clube caminha de derrota em derrota até à inevitável descida de divisão, apetece perguntar: será isto sinal de decadência económica da Covilhã ou, simplesmente, os apoios da Câmara diminuíram?

Prosperidade IV. Está explicada a “determinação total” do senhor Carlos Pinto em avançar para uma Comunidade Urbana. De preferência até 31 de Março de 2004, corroboram os seus novíssimos aliados nesta aventura, Manuel Frexes e Amândio Melo. O homem quer mais recursos (leia-se dinheiro). Porquê? Humildemente ele esclarece: “Já demonstrámos que fazemos coisas. Só não fazemos mais porque não temos tido recursos” (O Interior, 6/11/03). Pois. O que me preocupa mais nestes projectos é precisamente isso: a possibilidade de alguns autarcas poderem fazer “mais obra”. Deus nos acuda!

Por: José Carlos Alexandre

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