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Proprietários dos terrenos do campo de Batalha de S. Marcos já notificados

O processo caminha a passos largos para a classificação do terreno histórico de Trancoso como Monumento Nacional

Já foram publicados os registos de propriedade dos donos dos terrenos contíguos ao campo de Batalha de São Marcos, situado a sul da vila de Trancoso, que está na iminência de vir a ser classificado como Monumento Nacional. Embora o projecto ainda esteja numa fase primária, o processo já está em curso há cerca de dois meses e tudo leva a crer que, à semelhança do terreno histórico de Aljubarrota, o trancosense seja considerado de importância nacional.

Em curso já está também a elaboração da proposta de classificação pela delegação regional do Instituto Português do Património Arquitectónico de Castelo Branco, para ser apresentada ao Conselho Consultivo deste organismo e ao Ministro da Cultura, para homologação. Recorde-se que o pedido de classificação foi feito pelo Estado Maior do Exército, juntamente com uma memória descritiva da Fundação Batalha de Aljubarrota, que apoia na preparação das propostas de classificação, tendo também participado no processo do campo de batalha de Aljubarrota. O terreno em causa já está protegido e vai ficar assim até o processo estar concluído, explicou José Afonso, director da direcção regional do IPPAR albicastrense, a “O Interior”, para quem o planalto de S. Marcos é tão importante como o de Aljubarrota, «ambos com grande significado para a independência nacional». A ideia é dar-lhes a mesma valorização histórica num projecto que será futuramente conjugado com a Câmara Municipal de Trancoso e outras entidades. Para José Afonso, trata-se de um factor de «regozijo para todos nós» e a terra de Bandarra «está de parabéns», porque além de ser mais um monumento classificado na Beira Interior, «vem valorizar e divulgar ainda mais a nova Aldeia Histórica».

Na forja está também a intenção de criar um Centro de Interpretação Histórica que vai simular a batalha e explicar aos visitantes a sua importância na crise de 1383/85. Esta infraestrutura permitirá ainda efectuar pesquisas arqueológicas que facilitem um melhor conhecimento daquele terreno e pôr a descoberto eventuais vestígios da refrega junto à capela de S. Marcos, onde ainda hoje se realiza uma romagem de comemoração no dia 29 de Maio, feriado municipal. Recorde-se que a Batalha de S. Marcos foi travada nesse dia em 1385 e considerada pelos historiadores como uma das mais importantes da História de Portugal. É ainda encarada como o prenúncio da decisiva Batalha de Aljubarrota, a 14 de Agosto do mesmo ano, que consolidou a autonomia do país, entregando definitivamente a Coroa Portuguesa ao heróico Mestre de Avis, D. João I. Segundo reza a lenda, a contenda deixou os castelhanos “a pão e laranjas” e ainda hoje esses produtos são distribuídos às crianças das escolas locais, simbolizando o estado dramático em que ficaram os castelhanos. Apesar da inferioridade em armas e homens, os portugueses saíram vencedores de uma luta que, segunda a história, foi renhida. «Os golpes eram tão grandes e espessos que se ouviam em Trancoso», conta Fernão Lopes, na “Crónica de D. João I”, e apesar da superioridade numérica dos castelhanos, «foram vencidos e mortos todos os homens de armas não escapando nenhum, salvo alguns ginetes e pajens. Os capitães foram todos mortos, ficando apenas Pêro Soares de Quinhones para contar o feito», recorda o cronista.

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